quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Eugénio, o nome mais gabarolas que conheço

Na minha opinião, o nome, que quando nascemos, os nossos pais ( quase sempre bem intencionados ), nos resolvem dar, pouco influencia ou pode influenciar a nossa personalidade.

Se o nome fosse um elemento-chave na definição da nossa identidade enquanto pessoas, teríamos umas situações bem engraçadas.

Por exemplo, o nome Eugénio. Eugénio é um nome que é manifestamente gabarola. Basta separar o nome em dois, e podemos construir a seguinte frase forte: Eu, génio! Se formos a ver bem, se um tipo chamado Eugénio se apresentar como o James Bond fica algo muito muito vanglorioso: My name is Génio, Eu Génio! De resto este nome é muito conhecido do Aladino, pois é o nome do senhor que sai da lâmpada (vá esta foi bastante forçada, peço desculpa, mas o Aladino vem do deserto, daí a secura).

Sinceramente gostava de me chamar Eugénio! Pois é assim que me sinto. É o nome que condiz com a minha inteligência. Talvez um dia mude de nome! Ou para Eugénio ou para Lúcifer. No entanto, às vezes sinto, que me devia chamar Shreck, porque só falo com burros.

E como os Binóculos de Lúcifer é um espaço cultural, deixo-vos com um poema de Eugénio de Andrade, esse sim um verdadeiro génio da escrita:

"
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.


Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.


Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.


Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.


Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas"

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