sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Urban, Bitch Please

Há umas semanas um grupo de jovens foi agredido à porta da discoteca Urban Beach (a Judite Sousa a dizer este nome é hilariante). Algo perfeitamente normal e aceitável excepto se estiver a ser filmado. Em resposta, as entidades publicas, Câmara Municipal e Ministério da Interna, resolveram encerrar temporariamente o espaço. Para quem não conhece o Urban Beach é uma das maiores e mais afamadas discotecas de Lisboa.

Logo a começar pelo nome, percebe-se que o sítio não pode ser muito bem frequentado, uma vez que Urban Beach, pode ser traduzido como Praia Urbana e todos sabemos que as praias urbanas são um antro de xungaria (ex: Carcavelos, Matosinhos, etc.).

Neste espaço de diversão nocturna o que há mais é mesmo diversão. Diversão de cariz gastronómico, quando se entra parece que se está perante um rodízio, tal é o comilanço que polvilha as pistas de dança. Há mesmo quem leve o equipamento de caça, caso surja a oportunidade de disparar sobre um bambi indefeso (ou melhor dizendo uma porquichona). A fauna é especialmente interessante, rapazes de camisa branca, que mais parecem que foram produzidos industrialmente, e raparigas com calças ou calções que conseguem tapar mais o pescoço do que, em alguns casos, as próprias nalgas. Tendo em conta a menor asseio desta danceteria, oriundo da promiscuidade entre utentes, sempre que lá fui, garanti que tinha as vacinas em dia, no entanto, a única forma de garantir que não se apanha nenhuma doença é ir vestido de preservativo de corpo inteiro.

Quanto aos seguranças são também elementos curiosos deste ecossistema. Provenientes provavelmente de Paços de Ferreira, estes armários, são dos seres mais híbridos que conheço. Podem ser crudelíssimos e agressivos, como seres extremamente sensíveis, como quando recorrem à sua sensibilidade (feminina?) para avaliar quem está ou não bem vestido para poder entrar. "Ah não podem entrar assim vestidos, esse écharpe está demodéee", se calhar não dizem isto... Mas têm a função de filtrar o azeite, como se fossem mercenários de um esquadrão "G". A sua indumentária também é curiosa, porque apesar dos músculos, estes tipos normalmente usam kispos e roupa para parecer ainda mais robustos, apesar de ficarem com um ar de chourição. Por fim, muitos usam um microfonezinho para fingir que estão a falar com uma sala de comando, fá-los parecer operadoras de telemarketing, por isso, estou sempre com aquela sensação que algum me irá dizer: ok Teleseguro, fala o Cajó. 

Resumindo para preparar um segurança é preciso cortar um lutador de luta-livre aos cubinhos e levar ao lume numa frigideira bem untada com agressividade, juntar suavemente um elemento do esquadrão da moda fresco (sem ser congelado) e deixar cozer em lume brando, passado 5 min juntar uma operadora de call-center (pode ser daquelas que recebe 500€ por mês apesar de ter um doutoramento em História) às rodelas a gosto, deixar cozer mais 10 min, empratar num kispo da Securitas e levar à mesa. 

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Hoje recomendo uma série que ando a ver ultimamente, Black Mirror. Não é uma série convencional, uma vez que os episódios não têm sequência narrativa entre si. No entanto posso resumir a série, como sendo um conjunto de contos distópicos sobre o impacto ambíguo da evolução da tecnologia na vida das pessoas e também a sua relação com as redes sociais. Se gostar de livros como "1984" ou " O Admirável Mundo Novo" vai adorar esta série. 




terça-feira, 24 de outubro de 2017

Sobe sobe, balão sobe, vai rebentar para ao pé daquela estrela...

Lúcifer está a ficar velho, já muita neve cai na serra, as dobradiças estão perras, quando faz frio os ossos lamentam-se e idas à WC são incontáveis durante a noite. Esta última poderá não ser da velhice, é de senso comum que o Diabo brinca muito com o fogo e como a minha avó dizia, não brinques com o fogo senão fazes xixi na cama, por isso se calhar ainda não é a próstata. Tendo em conta o desgaste físico e o agravamento da rezinguice com o avançar da idade deixa de haver paciência para festejar aniversários.

E talvez por isso, uma das coisas que mais me irrita são balões de aniversário, sim aqueles dourados ou prateados. Uma das razões pelas quais este tipo de balão me aborrece é a existência de certas tonalidades que me lembram a cor de um equipamento secundário do Benfica de uma época no início deste século, quando o Benfica atravessou um momento menos glorioso.




Primeiramente, pensei que a moda deste tipo de balões de aniversário fosse um efeito do Instagram, tipo a cara de Bambi, as bochechas de coelho ou mesmo a cabeça de melancia, achei inocentemente que não podia ser real. Depois comecei a aperceber-me que era mais uma moda, uma daquelas que o efeito manada come sempre.  É que um balão é das coisas mais exasperante que pode existir, além de ser perigoso para os tímpanos em caso de rebentamento. O rebentamento de 3 balões pode equivaler a assistir a um concerto dos Metallica em cima da coluna...não mata, mas mói. No fundo, uma tendência sem sentido, pelo menos para a maior parte da população.

Aprofundemos um pouco, um balão para crianças até compreendo, normalmente é colorido, flutua no ar e entretém. Para os velhotes também poderá fazer sentido um balão com o número de anos para ajudar a contagem de primaveras, junto de pessoas que normalmente têm falta de memória. Agora para tipos de 30/40 anos? É apenas esquisito. Eu com a idade que tenho, os únicos balões que gostaria de ter no meu aniversário para brincar seriam os da.... bem não vou terminar, uma vez que este blogue não é de frescuras. 

No entanto, o balão de aniversário apesar de ser bimbo, retrata bem o ciclo de vida do ser humano.  Quando jovem cheio de ímpeto e todo vigoroso, quase nas nuvens, como um balão acabado de encher. Quando velho encarquilhado, como um balão meio vazio no canto da sala. 

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Blade Runner 2049 está nos cinemas e é um filme que almejo ver em breve. Lembro-me de ter adorado o Blade Runner original e por esse motivo resolvi rever esta obra-prima de Ridley Scott. 

Posso dizer que esteticamente não desilude, com um grafismo que faz corar de vergonha muitos filmes de ação dos nossos dias. O argumento é ambíguo o suficiente para prender quem o assiste, no entanto a ação é demasiado lenta para os cânones a que estamos acostumados num filme deste género. Uma nota final para a excelente banda sonora a cargo de Vangelis (sim aquele do 1492, hino do PS no tempo do Mr. Onu, António Guterres):


"All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die."



terça-feira, 18 de abril de 2017

Professor M

Na banda desenhada, algumas cidades têm uma espécie de protetor que defende os seus habitantes dos malfeitores ou de eventuais situações de perigo. Um desses exemplos é Gotham, cujo eterno protetor é Bruce Wayne, mais conhecido por Batman.
Ontem, à hora de almoço, fiquei a saber que Portugal também tem um protetor, que é chamado para resolver situações de emergência e de gravidade. Este protetor é, sem mais nem menos, o Professor Marcelo, como podem ver abaixo:



Assim, o professor Marcelo, é verdadeiramente, o primeiro super-herói português (ou o segundo, se considerarmos o Éder). Tal como o Professor Xavier, vamos tratar o nosso super herói por Professor M.

Defender um país é, naturalmente, uma tarefa exigente, que não seria possível sem um conjunto de superpoderes que não se encontram ao alcance do comum mortal. Mostramos abaixo alguns dos mais importantes poderes do Professor M:

- Sensores que detetam câmaras fotográficas: útil para saber "o que está a dar" na CM TV. Como todos sabem, um super-herói não é ninguém sem imprensa. É como um jogador dos juniores do Benfica, que só passa a ser alguém quando ABola lhe dedica um especial de 10 páginas e o apelida de novo Eusébio.

- Metralhadora humana de beijos a velhinhas: O professor M é implacável na tarefa de dar beijos a velhinhas. Todos sabemos que as velhinhas são o foco de instabilidade de uma aldeia ou cidade, com os seus mexericos e bisbilhotices, que podem gerar verdadeiras tragédias. Assim, as velhinhas enquanto estão a ser bombardeadas pelo professor M, não têm tempo para mais nada, garantindo o equilíbrio da sociedade. 

- Ambidestria: característica ao alcance de poucos e ambicionada por muitos futebolistas. Para Marcelo tanto lhe faz a esquerda, como a direita, podendo usar uma ou outra conforme mais lhe convier

- Leitura rápida: conhecido por ler 150 caracteres por segundo, esta habilidade de Marcelo pode ser útil, por exemplo, para ler as instruções de qualquer geringonça, um poder essencial nos dias que correm.

Já sabem, numa situação de perigo, gritem pelo Professor M! Alternativamente,peguem num selfie stick que ele acaba por aparecer.



sábado, 18 de março de 2017

Wick

Lúcifer tem andado arredado dos posts, na verdade tem andado desaparecido. Que o diga Pedro Passos Coelho, que anunciou a sua chegada aos sete ventos, tal como o Pedro da história do lobo, contudo, até agora nem sinal do Diabo. Nem um olá Belzebu se dignou a dar, até hoje...

Acabei de ver o Jonh Wick e o que posso dizer do filme é que cumpriu completamente as minhas expectativas. Ou seja, é um filme sem história e com muita acção. Apresenta momentos de monumentais saraivadas de tiros, outros de precipitação, por vezes forte, de sangue. E claro, perseguições com carros, onde os bate-chapas esfregam as mãos de felicidade. 

Concluindo, Jonh Wick é daqueles filmes que não se pode devolver alegando que o argumento é constituído por matéria excrementícia, a história não é obviamente shakespeare. O objectivo é mesmo entreter e entregar ao espectador o prazer de ver derreter todos aqueles que se atravessam à frente de Wick. 

Algo curioso, sobre este tipo de filmes, one-man army, é que a narrativa normalmente segue sempre a mesma sequência cronológica: 

1. Há um tipo solitário e melancólico, que perdeu alguém próximo, ou que é um renegado, mas fez parte de um esquadrão assassino ou de um exército. Habitualmente no inicio do filme encontra-se caído em desgraça ou falido.

2. Entretanto alguém se mete com o tipo (dá o chamado pontatapé na colmeia), matando-lhe a mulher, raptando-lhe a filha ou dando com um taco de baseball no seu amado cachorro.

3. Neste momento o individuo fica irritado, irado, agitado, dominado por uma cólera idêntica à de quando se encontra o carro bloqueado pela EMEL. Entretanto, a personagem atravessa sempre um momento de pseudoresistência a pegar em armas, no entanto,  é certo que vai acontecer algo que o faz agarrar em todo arsenal que tinha escondido na cave, ou no paiol (não confundir com o ex-jogador do barcelona Puyol, peço desculpa) que estava enterrado no jardim já cheio de musgo.

4. Desata a matar toda a gente, mas ninguém lhe acerta. Os bandidos neste tipo de filmes parecem todos a minha avó antes de fazer a operação às cataratas, diria mais, parecem que têm a pontaria do Pizzi a jogar dardos. Nesta fase não percebo duas coisas. Primeiro, porque é que aparece um tipo "mau" de cada vez, ao invés de se juntarem todos para apanhar o "herói". E segundo, porque é que nunca disparam de longe, aproximam-se sempre (se calhar é por causa da falta de pontaria referida anteriormente) acabando inevitavelmente mortos que nem tordos. 

5. Magoa-se para dar algum realismo. Trata-se num sítio todo badalhoco com a ajuda de um veterinário ou de um médico bêbedo, ou trata de si próprio mordendo um pano e colocando vodka nas feridas para desinfectar.

6. Finalmente é apanhado, mas os tipos "maus" em vez de o matarem, não, prendem-no numa cadeira com umas cordas, cujos nós  nem um lobito dos escuteiros daria tão mal, normalmente num armazém abandonado. Evidentemente, que escapa, mata tudo e todos e foge com uma tipa que, em regra, é filha ou amante do cabecilha do gangue que o persegue.

7. Fim, Créditos e é isto...

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Provavelmente, o maior ícone de todos os tempos deste tipo de filmes foi o inigualável Chuck Norris (todos os campos de milho deviam ter um, não haveria passarada que se aproximasse). O homem está agora com 72 anos, no entanto, tenho a certeza que já rebentou com a velhice. Ou então pelo contrário, o homem que dizimou exércitos inteiros de vietnamitas sarnentos, agora tem incontinência, usa fralda e recebe ordens das enfermeiras num lar. Para terminar, deixo-vos com um conjunto de piadas ou melhor factos sobre o nosso amigo Chuck: