sábado, 21 de dezembro de 2019

Post de Pescada nº1: Grandessíssimos FPs


Hoje inicia-se uma nova rubrica neste blogue, chama-se Post de Pescada. Basicamente consiste no lançamento de um tema aleatório por parte de um dos membros do blogue, que obrigará o outro a criar um post na semana seguinte, caso contrário acontecerá algo terrível... ou provavelmente nada, tipo aquela maldição dos Incas em 2012.

O tema desta semana é: Grandessíssimos FPs

Ao contrário do que possam pensar, olhando apenas para o título deste post, não se vai falar de FPs no sentido mais ordinário (mas corrente) do termo, mas antes sobre Funcionários Públicos (FP). (*)

Relativamente a funcionários públicos o que posso dizer é que são alvo das maiores contradições, senão reparem:

- São acusados por muitos de ser preguiçosos, de ter uma costela alentejana (espero não provocar a fúria a ninguém), muito lentos a trabalhar mas muito rápidos a picar o ponto na hora da saída. Contudo o estado considera que são mais eficientes do que os restantes, pois o horário semanal é de 35h vs. 40h dos trabalhadores do privado.

- A vozearia do povo diz que que há demasiados, mas à primeira tosse de Outono todos clamam que há poucos médicos ou enfermeiros. No fundo a visão corrente que se tem do estado é que este é bulímico, cheio de gorduras mas simultaneamente anémico, basta ver as críticas ao SNS.

- Já outros dizem que gostariam de ser FPs, no entanto poucos olham para a carreira de professores, polícias ou militares como sendo atrativas. Ninguém está para aturar putos ranhosos ou disponível para correr risco de vida, e só para me ficar pelos argumentos que afastam pessoal da educação.

- E àqueles que consideram a função pública uma carreira de sonho, o estado responde com um salário mínimo mais elevado, sinalizando que trabalhar na função pública é tão mau que acreditam que só conseguem cativar mão-de-obra pagando no mínimo mais c. €35 do que no privado.

-Por fim, o senso comum afirma que andam por aí muitos FPs, que há FPs a mais, que os FPs são mais do que as mães, mas em Portugal do número total de trabalhadores apenas 15% são FPs (1% abaixo da média europeia). Afinal há mais FPs pela Europa do que se pensa…

Quando se faz uma pesquisa no Google sobre funcionários públicos os resultados são estes:


Neste combate ficou 2-1 para o “Há funcionários Públicos a mais” vs. “há funcionários públicos a menos”.

E sobre FdPs (funcionários do público) é isto que tenho para dizer, não foi grande coisa mas de um tema com tão pouco esplendor como este não se poderia exigir mais.

(*) Este fraco trocadilho fez-me recordar aquele jornalista do Porto que chamou ao Rui Rio de FdP. E que se defende em tribunal dizendo que FdP queria dizer Fanático dos Popós.

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A Netflix anda a produzir cinema de grande qualidade, quase que humilhando o cinema convencional nos últimos tempos, basta ver as estreias badaladas de Irishman, Two Popes e Mariage Story.

Destes filmes gostaria de destacar Irishman de Martin Scorcese. Um filme que conta com Al Pacino, De Niro e Joe Pesci, que posso definir simplesmente como sendo o último folgo dos gangsters. Num desempenho excepcional destes atores, a narrativa do filme aborda temáticas como a corrupção, o poder invisível, a decadência, velhice e a memória. E lançando algum mistério, a mensagem que retiro do filme é: estamos vivos, mesmo depois de mortos, pelo menos até alguém se lembrar de nós. Eis o trailer:




sábado, 9 de novembro de 2019

A soprano que pariu um alien...

Ao contrário do que muitos pensam, Lúcifer é um anjo. Um anjo caído é certo, mas mesmo assim um anjo. O que é um aborrecimento porque os anjos não têm sexo.... Bom... Mas um anjo caído também só lá ia com os comprimidos do futre... O que estou para aqui a dizer? ... É simplesmente porcaria.


Por falar em anjos, gostaria de vos falar das sonoridades angelicais que as sopranos (cantoras líricas, não mulheres da máfia) são capazes de produzir à custa de caretas ridículas. Fazem maravilhas com a garganta (isto agora soou mal), mas com o esgar de alguém que vai parir um extraterrestre pela boca. 


Mantendo a atenção na música clássica, outra coisa que acho extraordinária é a especialização de alguns músicos nas grandes orquestras, nomeadamente, aqueles que estão um concerto inteiro à espera para tocar determinado instrumento. Se fosse eu a ter de tocar o gongo ou os pratos no momento chave, sentiria a pressão igual à de alguém que está a desarmar uma bomba nos últimos segundos antes da detonação. Suaria que nem uma vara de porcos no pino do verão na Almareleja, e provavelmente os pratos iriam-me escorregar das mãos.


Noutra vertente algo que sempre me fascinou foi o maestro, sinto sempre que está lá apenas para o show-of. Não faz mais nada do que abanar uma varinha (sei que é batuta...) (*) .Algo que tornaria o seu papel mais interessante seria aliar a magia a esta profissão. Poderiam perfeitamente aproveitar a varinha para fazer truques de ilusionismo, fazendo aparecer coelhos a sair de trompetes ou pombas a serem cuspidas a partir de clarinetes, enquanto serravam uma soprano a fazer bocas de parir aliens ao meio.

Por fim, não sei se alguma vez pensaram nisto, os vizinhos destes músicos devem sofrer imenso com os ensaios. Algo justo seria uma vez por ano, juntar todos os vizinhos e fazer um concerto, em que a plateia seria composta pelos músicos das orquestras que arreliam o descanso e a paz destes mesmos vizinhos. Este concerto obviamente seria orientada pelo Zé Cabra e seria uma harmoniosa sessão de pregos e desafinação. Neighbors in the Night seria o nome deste concerto que poderia reverter para instituições ligadas a pessoas com deficiência auditiva.

(*) Um aparte, cheguei a ter um professor de música que usava como batuta um mata-moscas e volta e meia lá havia chacina... 

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Como há pouco tempo foi dia das bruxas, Halloween se tiver menos de 30 anos, a sugestão que deixo é a de um filme de terror/suspense/mistério/oquequiserem, refiro-me a Goodnight Mommy. Trata-se de uma obra austríaca, cuja narrativa envolve dois irmãos gémeos que têm de lidar com uma operação plástica da mãe, uma conhecida jornalista que parece, além de mudado de feições, ter mudado o seu temperamento. Adicionalmente, vivem numa floresta recôndita, longe da civilização, longe do mundo. Estes são os ingredientes para um filme que mantém o suspense e o enigma até ao fim. É pôr sal ou açúcar nas unhas (tal como nas pipocas) e roer do início ao fim. Eis o trailer:

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Lucifer's Beach

Boa tarde, bom dia e boa noite! Escrevo-vos numa noite quente de verão... Bem... Se calhar morninha e com chuva. Posso dizer-vos que neste momento aprecio este caliente luar, com uma manta nas pernas e um cacau quente nas mãos.

Com as alterações climáticas que se têm registado e olhando para este verão, é possível que, algures nos próximos anos, o Algarve "passe" a ser no Mar do Norte. Estou a imaginar as viagens de férias de portugueses para a costa inglesa, onde os nativos, tal como hoje lhe chamamos de bifes, nos apelidarão de rojões (ou rojoaos dada a dificuldade da leitura do til). Albufeiras nessa costa nova do mar do Norte brotarão, com casas de fado e snackes-bares que venderão pastéis de bacalhau. Poderemos ainda exportar o Zeze Camarinha para formar ingleses na arte latina do engate.


Enquanto isto não acontece, ir à praia em Agosto por cá, para mim continua a ser um sacrifício. Mal ponho os pés na areia sinto que entro numa ampulheta de areia onde o tempo não passa. É a gritaria da canalha, é aquela malta que apesar de ter um extenso areal coloca sua toalha e restante quinquilharia em cima de nós. Às vezes deito-me na areia e sinto que estou numa camarata. Para não falar do barulho dos vendedores ambulantes que teimam em passar, ora tipos africanos a vender girafas, ora outros a vender bolas de Berlim. Mas verdade seja dita, a bola de Berlim é o bolo ideal para comer na praia, uma vez que se cair no chão, a areia confunde-se com açúcar e um gajo come aquilo na mesma e até é mais crocante.

E as brincadeiras que se fazem na praia? Quem é que achou que ir à agua e rebolar na areia a seguir, o chamado croquete, era uma boa ideia? Primeiro tendo em conta a cor da areia, quanto muito parece-mos uns panados após a execução desta manobra que para mim é uma acrobacia. E em segundo lugar, é uma brincadeira perigosa, pois sabe-se lá se alguém nos confunde com um verdadeiro acepipe e nos espeta um palito no real rabo.

Depois continuo a ser olhado de lado por ter hábitos de ser superior (que efectivamente não sou). Toda a gente fica espantada por espalhar, quer dizer barrar, o protector solar com uma faca pelo meu corpo. Mas não acham que faz sentido? Eu estou ali a torrar, vou passar a "manteiga"...

Apesar de tudo, há algo curioso que se observa nas nossas praias, consegue-se saber a faixa etária de um grupo de pessoas pela tralha que levam para o areal. É, citando o Rei Leão, um exemplo do ciclo da vida. Começamos em garotos por levar uma parefernália de brinquedos, o que inclui normalmente um conjunto de equipamentos de construção (essencialmente baldes, pás e betoneiras), que muitas vezes obrigam os pais a fazer o papel de trolha acartando o material e alguma areia. Na adolescência passa-se para o minimalismo, levando uma toalha apenas para parecer cool. Depois passamos a ser pais e temos de acartar com todo o material de construção dos nossos Bobs construtores. E, quando chegamos à velhice, passamos a trazer metade da casa às costas. Há mesmo malta das varizes que arma tendas de campismo com frigorífico, tabuleiros de xadrez e novelos para fazer peças renda para o enxoval dos netos que nunca as usarão. Já vi um casal de sexagenários a levar plantas e a rega-las.

No entanto, há algo que me deixa verdadeiramente irritado, o lixo que se deixa nas praias. Muitos portugueses são autênticos gatos, que fazem das praias as suas caixas de areia. As nossas praias beatificadas deviam ser alvo de cultos com direito a romaria e peregrinação, dada a quantidade de beatas e piriscas que polvilham os nossos areais. Estou a imaginar uma cantilena dedicado aos "Santos Populares" das praias portuguesas: São Marlboro já se acabou, o São Chesterfield está se a acabar, São Ventil, São Ventil, São Ventil dá cá um canhão para eu fumar.... 

Terminando, posso assumir que amanhã irei à praia munido das minhas havainas, toalha, quispo e gorro.... 

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Na próxima semana vai estrear o novo filme de Quentin Tarantino, Once Upon a Time in Hollywood, cuja narrativa decorre durante o anos 6o e de forma ao espectador "ambientar-se", o realizador sugeriu o visionamento de 13 filmes dessa época:


Já tive a oportunidade de ver algumas das películas e até agora destaco Easy Rider, um filme de 1969 em que os protagonistas são Dennis Hopper, Peter Fonda e Jack Nicholson (curiosamente existem bastantes semelhanças físicas entre Fonda e Nicholson). A narrativa retrata as aventuras e desventuras de dois motoqueiros desde L.A. até New Orleans e toda a envolvente hippie que se viva altura. Nomeadamente a organização das comunidades, consumo de droga e a forma como a restante sociedade recriminava, por vezes de forma violenta, a cultura hippie (por exemplo, o uso de cabelos compridos por parte de homens). Eis o trailer: