segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Lucifer's Beach

Boa tarde, bom dia e boa noite! Escrevo-vos numa noite quente de verão... Bem... Se calhar morninha e com chuva. Posso dizer-vos que neste momento aprecio este caliente luar, com uma manta nas pernas e um cacau quente nas mãos.

Com as alterações climáticas que se têm registado e olhando para este verão, é possível que, algures nos próximos anos, o Algarve "passe" a ser no Mar do Norte. Estou a imaginar as viagens de férias de portugueses para a costa inglesa, onde os nativos, tal como hoje lhe chamamos de bifes, nos apelidarão de rojões (ou rojoaos dada a dificuldade da leitura do til). Albufeiras nessa costa nova do mar do Norte brotarão, com casas de fado e snackes-bares que venderão pastéis de bacalhau. Poderemos ainda exportar o Zeze Camarinha para formar ingleses na arte latina do engate.


Enquanto isto não acontece, ir à praia em Agosto por cá, para mim continua a ser um sacrifício. Mal ponho os pés na areia sinto que entro numa ampulheta de areia onde o tempo não passa. É a gritaria da canalha, é aquela malta que apesar de ter um extenso areal coloca sua toalha e restante quinquilharia em cima de nós. Às vezes deito-me na areia e sinto que estou numa camarata. Para não falar do barulho dos vendedores ambulantes que teimam em passar, ora tipos africanos a vender girafas, ora outros a vender bolas de Berlim. Mas verdade seja dita, a bola de Berlim é o bolo ideal para comer na praia, uma vez que se cair no chão, a areia confunde-se com açúcar e um gajo come aquilo na mesma e até é mais crocante.

E as brincadeiras que se fazem na praia? Quem é que achou que ir à agua e rebolar na areia a seguir, o chamado croquete, era uma boa ideia? Primeiro tendo em conta a cor da areia, quanto muito parece-mos uns panados após a execução desta manobra que para mim é uma acrobacia. E em segundo lugar, é uma brincadeira perigosa, pois sabe-se lá se alguém nos confunde com um verdadeiro acepipe e nos espeta um palito no real rabo.

Depois continuo a ser olhado de lado por ter hábitos de ser superior (que efectivamente não sou). Toda a gente fica espantada por espalhar, quer dizer barrar, o protector solar com uma faca pelo meu corpo. Mas não acham que faz sentido? Eu estou ali a torrar, vou passar a "manteiga"...

Apesar de tudo, há algo curioso que se observa nas nossas praias, consegue-se saber a faixa etária de um grupo de pessoas pela tralha que levam para o areal. É, citando o Rei Leão, um exemplo do ciclo da vida. Começamos em garotos por levar uma parefernália de brinquedos, o que inclui normalmente um conjunto de equipamentos de construção (essencialmente baldes, pás e betoneiras), que muitas vezes obrigam os pais a fazer o papel de trolha acartando o material e alguma areia. Na adolescência passa-se para o minimalismo, levando uma toalha apenas para parecer cool. Depois passamos a ser pais e temos de acartar com todo o material de construção dos nossos Bobs construtores. E, quando chegamos à velhice, passamos a trazer metade da casa às costas. Há mesmo malta das varizes que arma tendas de campismo com frigorífico, tabuleiros de xadrez e novelos para fazer peças renda para o enxoval dos netos que nunca as usarão. Já vi um casal de sexagenários a levar plantas e a rega-las.

No entanto, há algo que me deixa verdadeiramente irritado, o lixo que se deixa nas praias. Muitos portugueses são autênticos gatos, que fazem das praias as suas caixas de areia. As nossas praias beatificadas deviam ser alvo de cultos com direito a romaria e peregrinação, dada a quantidade de beatas e piriscas que polvilham os nossos areais. Estou a imaginar uma cantilena dedicado aos "Santos Populares" das praias portuguesas: São Marlboro já se acabou, o São Chesterfield está se a acabar, São Ventil, São Ventil, São Ventil dá cá um canhão para eu fumar.... 

Terminando, posso assumir que amanhã irei à praia munido das minhas havainas, toalha, quispo e gorro.... 

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Na próxima semana vai estrear o novo filme de Quentin Tarantino, Once Upon a Time in Hollywood, cuja narrativa decorre durante o anos 6o e de forma ao espectador "ambientar-se", o realizador sugeriu o visionamento de 13 filmes dessa época:


Já tive a oportunidade de ver algumas das películas e até agora destaco Easy Rider, um filme de 1969 em que os protagonistas são Dennis Hopper, Peter Fonda e Jack Nicholson (curiosamente existem bastantes semelhanças físicas entre Fonda e Nicholson). A narrativa retrata as aventuras e desventuras de dois motoqueiros desde L.A. até New Orleans e toda a envolvente hippie que se viva altura. Nomeadamente a organização das comunidades, consumo de droga e a forma como a restante sociedade recriminava, por vezes de forma violenta, a cultura hippie (por exemplo, o uso de cabelos compridos por parte de homens). Eis o trailer:



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