terça-feira, 31 de março de 2020

O Corona.

Numa época em que todos somos obrigados à reclusão social e a experienciar uma espécie de prisão domiciliaria, a humanidade tem vindo, de uma forma generalizada, a aproximar-se da loucura. Um bom exemplo disso é o facto de eu voltar a escrever neste blog após alguns anos. Só mesmo um momento extremo de loucura me faria voltar a este antro.
Entrei, espreitei, e vi que se mantém praticamente tudo inalterado: posts do Pedro sem piada, um design a fazer lembrar um trabalho de TIC do 5º ano e algumas visitas do Brasil de quem acha que este é um espaço de exaltação a Satanás. Enfim... 
Já que aqui estou, vou aproveitar para escrever umas notas soltas sobre o tema do momento: o Coronavírus ou, para a maior parte das pessoas, o Corona (Mas que confianças são estas?)
Um ponto sobre o Coronavírus que acho interessante é o facto de, agora que é recomendado o recolhimento domiciliário, toda a gente querer estar na rua. Até o ser mais antissocial do mundo arranja uma desculpazinha para ir lá fora apanhar um bocado de ar. Tem-se visto de tudo, desde pessoas que nunca fizeram exercício e agora entram em depressão sem o seu jogging diário, a pessoas que antes  tentavam escapar ao passeio do cão e agora fazem questão de ir passear várias vezes ao dia. O Coronavirus para nós é uma tormenta, mas para os cães é o paraíso (tirando a parte de ter que aturar os donos 24h por dia em casa).
Outro ponto que achei interessante foi o facto de a polícia portuguesa agora recorrer a drones para mandar as pessoas para casa. Uau! Estamos super tecnológicos! Não conseguimos preencher uma folha de excel com o número de casos a bater certo, mas somos top a conduzir robots telecomandados!
Embora seja a favor da utilização tecnológica, não consigo perceber a razão para a utilização de drones. Em primeiro lugar, porque um drone precisa na mesma de alguém para o teleguiar (acho que nunca tinha utilizado esta palavra), depois porque tem uma bateria limitada e, por fim, não vejo porque é que as pessoas haviam de respeitar o comando vindo do drone. Se uma parte dos portugueses não respeita os apelos dos familiares, dos ministros, ou das forças de autoridade, vai agora ligar a um robot voador que faz o barulho semelhante a um enxame de moscas?
Para mim esta ideia foi só uma tentativa de limpar a imagem que todos têm dos drones do estado português. Todos se lembram do vídeo do drone da marinha que voou uns 2 metros até aterrar diretamente na água. 


Por fim, deixo uma última nota para a quantidade de epidemiologistas com doutoramento em estatística que existe hoje em Portugal. Nunca se ouviu tanto falar em exponenciais, logaritmos, curvas, etc. Toda a gente percebe do assunto, analisa e tenta adivinhar o percurso da epidemia. Chegam a existir grupos de apostas, onde cada um tenta adivinhar o número de casos nos dias seguintes e onde se festeja quando o valor está dentro do intervalo estimado, quase como se de um golo se tratasse. Por falar em golos, se calhar esta nova modalidade acaba por ser um bom substituto do futebol para entreter as pessoas que estão cansadas de estar em casa sem fazer nada. para responder a este fenómeno, proponho um programa tipo Prolongamento da TVI24, em que o Manuel Serrão, Pedro Guerra e alguém do Sporting discutem modelos de previsão epidemiologicos. Já estou a imaginar “NÃO SE VÊ LOGO QUE A ASSIMPTOTA ESTÁ EM FORA DE JOGO?”; “ESSE MODELO ESTÁ COMPRADO!”; “O R^2 DO MEU MODELO É MAIOR QUE O TEU!”.
Bem, queria aproveitar o último parágrafo para desejar a todos paciência para os tempos que aí vêm. Voltamos a falar na próxima quarentena.


sexta-feira, 27 de março de 2020

Post de Pescada nº7 Devil's Workout

Lúcifer também se encontra em teletrabalho, a fazer as suas diabruras a partir de casa, pois esta pandemia parece ser bem pior do que a gripe dos patos, e a Besta já tem uma certa idade e não quer passar desta para pior.  Para não ganhar uns quilinhos indesejados, neste período de sedentarismo mais elevado, Lúcifer andou a investigar alguns exercícios para fazer no recato do seu lar e deparou-se com o crossfit. 

Segundo a nota da wikipédia, o Crossfit é um programa de força e condicionamento que consiste principalmente numa mistura de exercícios aeróbicos, exercícios de calistenia (seja lá o que isso for), e levantamento de peso olímpico...bem já estou cansado só de escrever. Ainda segundo esta nota, o primeiro praticante de Crossfit terá sido Jesus Cristo, embora na Bíblia lhe chamem Via Sacra. 

Se a nota não diz muito, os vídeos do youtube são de perder o fôlego. Lúcifer, tendo em conta a diversidade de exercícios, chegou à conclusão que os praticantes deste desporto apresentam mais sintomas de esquizofrenia do que o Fernando Pessoa. Ora são halterofilistas, ora carregam bolas medicinais (*), ora fazem parkour  e saltam para cima de caixas(**), ora puxam cordas que parecem jibóias, etc. Não me lembro que o Ricardo Reis ou o Álvaro Campos fizessem isto...

(*) - Chamam-lhe medicinais, mas duvido que deem saúde. 
(**) - No fim disto em vez de saltar para caixas, eu caía para dentro de um caixão.

A intensidade do crossfit faz parecer os treinos dos comandos tranquilos aquecimentos, ou o trabalho de um estivador parecer sedentário e parado. 

É tão intenso que houve um artigo polémico da NYT cujo título é "Fique em Forma, mesmo que isso o Mate". Neste artigo houve relatos de atletas que abusaram dos exercícios, chegando alguns ao ponto  de ir parar aos cuidados intensivos com problemas nos rins. Não sei como se chega este ponto. Pela descrição, até faz o tabaco parecer um saudável hábito. Será como uma adição causada por uma droga? Um tipo acorda durante a noite a suar e vai fazer 80 abdominais e levantar 300 vezes uma bola medicinal? Se eu acordar à noite a suar só pode querer dizer que estive a ter um pesadelo em que o Pizzi falha um penalti ou algo do género. Devia haver um centro de ajuda ao viciado em Crossfit, em que os Crossfiters anónimos, só se consideravam sóbrios caso não fizessem exercício: O meu nome é Mike (olá, Mike - respondem todos) e estou sem fazer uma flexão há 2 semanas...

Tenho um amigo meu que faz Crossfit, pelo menos enquanto não falece a meio de um agachamento, que quando vamos para os copos faz uma sessão de Burpees (ver vídeo abaixo) a seguir a cada fino. Normalmente ao terceiro regurgita, agora não sei se por causa dos finos ou das macacadas que ele faz a seguir a beber. Esse meu amigo agora só fala de Crossfit, bem tento que ele fale de motocross ou coisas mais interessantes mas nada. Mais um para os Crossfiters anónimos.



Hoje em dia, o CrossFit, e apesar das polémicas, é uma marca registada que vale milhões. O que levou Lúcifer a pensar criar a sua própria marca de fitness, a Devil's Workout. Pensou durante 5 min ficou cansado, teve uma caimbra psicológica, pegou num pacote de Ruffles e foi ver a sua série favorita, Lúcifer.

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A propósito de seres com potencialmente mais do que uma identidade, a sugestão cinematográfica recai sobre o filme, Split (2016) de M. Night Shyamalan. A personagem principal, interpretedada por James McAvoy, tem em si 23 personagens e tinha tudo para praticar Crossfit (brincadeira ahah). McAvoy tem um desempenho extraordinário saltitando de identidade em identidade, cada uma com características muito específicas. Um filme de terror psicológico que não é para todos, mas que para quem gosta do género é uma opção interessante. Eis o trailer:




sexta-feira, 20 de março de 2020

Post Pescada nº6 Anatomia dos Diabos


Lúcifer quer aproveitar este pandemónio pandémico para questionar Deus sobre aspectos da criação do Homem ou melhor, da má criação do Homem (anatomicamente falando).

Segundo a Bíblia, Deus descansou ao sétimo dia após ter terminado as suas várias criações, mas pela amostra deve ter pelo menos passado pelas brasas em alguns momentos durante o processo criativo. Basta observar a anatomia humana para concluir que houve algumas falhas e talvez preguiça na obra do Senhor. Há elementos que parece terem sido feitos à pressa e outros que não fazem muito sentido, tais como: 

-As unhas -  Nas mãos ainda dão jeito para coçar, tocar cavaquinho e para tirar autocolantes da fruta. Ou até mesmo deixar crescer a do mindinho para tirar cera dos ouvidos (não faço isso), agora nos pés? Qual a utilidade? Tirando raras vezes em que dão jeito para coçar a barriga das pernas durante a noite, as unhas dos pés só servem para encravar e para doer para xuxu. Deus deve ter achado, pus isto nas mãos, vá estou com sono... ponho umas nos pés também. Se em vez de unhas colocasse uma chave-estrela na ponta de um dos dedos, seria muito mais útil, pelo menos para montar móveis do IKEA.

-As orelhas - Não acredito que Deus soubesse que iríamos precisar se óculos. Um criador não faz uma obra para ter defeito. Por isso as orelhas não servem para nada, apenas para segurar os óculos. São apenas um apêndice feio que temos na cabeça. Bastavam uns orifícios para ouvir e estava bom. Se ainda fossem como as do Dumbo e servissem para voar... Pensando bem se calhar ainda bem que não servem para voar, se os pombos fazem o serviço que nós sabemos...

-Apêndice - Outra prova que Deus parecia que estava a dormir é que se esqueceu de nos tirar o apêndice antes de nos criar. Parece quase aquela história em que o médico se esquece de tirar o bisturi da barriga do paciente. Já agora, não há nada que tenha mais piada do que um alentejano a dizer apendicite.... Soa a Apendicity, uma cidade americana do Texas ... o quê?não tem piada?....okok...

se é verdade que os exemplos anteriores são de elementos do corpo humano que não justificam a sua criação, outros há que o justificariam:

-Descanso - Este membro funcionaria tal e qual o descanso das bicicletas. Imagino uma perna mais fina lateral a uma das pernas, desdobrável mas resistente, capaz de ajudar a suportar o peso de um humano adulto quando está muito tempo de pé.  Vejo grande utilidade numa perna extra (não sejam porcos) em missas, em concertos, na fila para loja do cidadão, etc.  Faço um apelo: Deus, numa próxima criação, e na luta contra as varizes, não te esqueças da perna extra!

-Roda- E se em vez de pernas tivéssemos rodas. As deslocações seriam muito mais rápidas, em vez de escadas construíamos rampas, e acabava-se o trânsito pelo menos para as pequenas deslocações. Estamos a falar de uma coisa simples, caso contrário não tinha sido o Homem a inventá-la, só estando a dormir é que Deus se pode ter esquecido desta.

-Cauda - Uma cauda era algo básico que o nosso corpo humano deveria ter. Principalmente para coçar as costas. Se bem que eu no lugar de Deus faria uma cauda em forma de mata-moscas, no verão dá jeito. 

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Como estamos num ambiente deprimente a caminhar para o depressivo, a sugestão cinematográfica que vos deixo é uma comédia, Best in Show (2000). Por ventura, o filme ideal para quem adora cães e para todos aqueles que querem rir um bocado sem ter de puxar muito pela cabeça. A acção do filme desenrola-se em jeito de documentário falso, que acompanha, essencialmente através de entrevistas aos donos, a preparação e o desenrolar de um concurso cães. Durante a fase do concurso destaco a performance dos comentadores de serviço, Fred Willard e  Jim Piddock que são verdadeiramente hilariantes neste papel. É cómico, tem um bom elenco e cachorros adoráveis. Eis o trailer:




sábado, 29 de fevereiro de 2020

Post de Pescada n°5 Veganismo do sétimo dia.

O mundo hoje em dia parece um hospital, metade do mundo doente e a outra metade à espera de ficar. Antigamente, dizia-se que os Estados Unidos espirravam e a Europa constipava-se. Nestes últimos meses, e até parece um sinal dos tempos, a China espirrou e a Europa (e não só) constipou-se. Não tendo mais, este blogue irá oferecer nas linhas seguintes um post de pescada acompanhado de vegetais, um prato típico de um estado enfermo. 

E por falar em vegetais (esta variação de jogo foi ao nível do Rui Costa), tenho reflectido um pouco sobre quem os consome, os seus hábitos e a representatividade que têm vindo a ganhar na sociedade.

O Veganismo não é uma seita (ou seitan, desculpem) mas por vezes parece. Basta observar a crescente conversão de omnívoros consumidores de carne e de um pouco de tudo, em autênticos veganos comedores de verduras e pouco mais. 

Se aquele ditado, somos o que comemos, fosse verdadeiro não ficaria admirado se qualquer dia começassem a andar por aí incríveis Hulks (ou Blankas para os fãs de Street Fighter) (*) em barda. Preconceituasamente, imagino que os vegans não ressonam nem dormem, mas que antes emitem sons de grilo enquanto vegetam. 

Quando era miúdo apenas ouvia falar vegetarianos, hoje em dia praticamente sou ouço falar de veganos... Mantendo as comparações com a religião, um vegano, além de ser um nome mais fancy, é um fanático religioso perante um vegetariano e no meu imaginário capaz de fazer um ataque bombista numa fábrica de salsichas (não, não se diz xalchichas).

Ando a ler uma autobiografia do Gandhi que, apesar de vegetariano de acordo com a sua religião, enquanto jovem prevaricou algumas vezes, consumindo carne às escondidas. Um pouco como os putos que começam a experimentar uns charros atrás do pavilhão. Imagino um mundo paralelo em que a carne é proibida e o seu consumo é realizado em clandestinidade e através de tráfico: Oh Fanã, consegues orientar aí uma vitela estufada para Sábado? Vamos enrolar uma morcela e comê-la atrás do pavilhão?

Admito que comer menos carne tem benefícios para o ambiente e para a sustentabilidade do planeta, no entanto acho que os veganos, vegetarianos e essa malta não me conseguem convencer a comer os seus pratos, muito pelos nomes que dão aos próprios pratos. Se os pratos vegetarianos fossem bons, não precisavam de ter nomes adaptados de pratos convencionais. Estamos a falar de exemplos tais como: tofu à bolonhesa , soja à Gomes de Sá ou chanfana de beringela. A sensação que fica é que são imitações baratas e que não há esforço para inovar. Faço o seguinte apelo: Vegans criem os vossos próprios pratos, deixem a chanfana em paz. 

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(*) - Estive para falar do Green Lantern (lanterna verde), mas como quase ninguém conhece fiquei-me pelo óbvio. Algo engraçado é que (e peço desculpa se ferir o sentimento de algum geek) o Green Lantern parece, aplicando uma metáfora futebolística, o lanterna vermelha dos super-heróis, pelo menos no cinema foi. 

Apesar do relativo insucesso, nem tudo foi mau, pelo menos para o Ryan Reynolds. Perdeu-se um mau Green Lantern mas ganhou-se um óptimo Deadpool. Julgo que precisa de poucas apresentações este super-herói gozão que traja de vermelho e usa duas espadas de samurai. No entanto para quem não viu, fica a sugestão de visionamento dos dois primeiros Deadpuis (obviamente o plural de de Deadpool) enquanto não chega o terceiro. Eis o trailer: 




domingo, 9 de fevereiro de 2020

Oscars 2020

Esta noite realiza-se mais uma edição dos Oscars e mais uma vez este blog dá uso à bola de cristal de Lúcifer para adivinhar os vencedores.

Concordando com alguns críticos e analistas de cinema que consideram que esta cerimónia está cada vez mais previsível, uma vez que os vencedores deverão ser, na sua maioria, os mesmos que arrecadaram os prémios BAFTA e Grammy Awards, não deixa de ser o culminar da época de prémios e uma festa com um glamour sem paralelo. 

No entanto, até para promoção do próprio entretenimento, seria de louvar que houvesse alguma incerteza quanto aos principais vencedores. E não estou a falar de uma troca de envelopes ao cair do pano como no Moonlight vs. Lala Land. Apesar de 1917 ser apontado como o principal vencedor da noite pelos críticos, seria surpreendentemente agradável que uns parasitas da Ásia (Parasites) fizessem uma surpresa. Eis as nossas apostas:


Ainda ligámos ao Professor Chibanga para nos ajudar com nossas apostas, mas ele estava a comer uma cachupa e mandou-nos passear.


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Post de Pescada n°4 Coronavirus

Que vírus viral este a que chamam Corona, inicialmente não o temi pois é homónimo de um jogador do Porto que não me parece violento. Ficaria amedrontado caso se chamasse Pepevirus ou Paulinhossantosvirus. Assim e neste caso, longe da vista, longe do pulmão e a preocupação por estas bandas ainda não se sente. No entanto, o pandemónio que esta pandemia tem provocado tem sido enorme noutras bandas. Tudo se faz para controlar a propagação, desde os avisos para lavar as mãos até ao isolamento de algumas áreas. 

Há quem diga que este vírus foi orquestrado pela indústria das máscaras, esgotadas em muitas farmácias até em Portugal. O poder da indústria mascarilha é tão forte que há um programa na SIC que se chama Máscara. Daniel Oliveira (o que faz chorar) terá feito um pacto com o Diabo ( que neste casos muitos dizem ser Jim Carrey) para obter benefícios em termos de audiências. Não será de estranhar que Cristina Ferreira comece a usar máscara nos programas da manhã, apesar de tudo, algo positivo para as cristaleiras das pessoas lá em casa. 

Segundos as entidades competentes, o contágio para o ser o humano terá partido do consumo humano de um morcego, um pitéu para os chineses. A única dúvida reside no tipo de confecção, havendo um grande debate entre a comunidade científica se terá sido um morcego à bolhão pato, cabidela de morcego (1) ou morcego à Xangai com ovo a cavalo. 

(1) - cabidela de morcego segundo receita da minha avó não precisava de adição de sangue, bastava que o morcego estivesse bem alimentado, que o próprio sangue do bicho serviria para a sua confecção. 

No entanto, existe luz ao fundo do túnel. Aparentemente, um inglês terá seguido uma receita caseira para combater o vírus, o que se revelou eficaz: whiskey quente + mel. Obviamente, tal receita estaria nas farmácias colocada na prateleira das pomadas. 

https://www.irishpost.com/news/uk-teacher-claims-cured-coronavirus-drinking-hot-whiskey-honey-178823

Entretanto a procura de whiskey por parte dos chineses disparou em contraste com as vendas da cerveja mexicana Corona. Cientistas portugueses, após esta notícia, já estão a trabalhar numa receita para um genérico (mais barato), tendo como inspiração as Sopas de Cavalo Cansado (2).

(2) - Traduzido do Inglês - Soup of Tired Horse 

Antes do fecho desta edição, a agência Lúcifer tentou contactar Bruce Wayne, mas o seu secretário Alfred diz que o Homem-Morcego não presta declarações pois não está autorizado pelos médicos a tirar a sua máscara... 

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1917, o filme que tem como título um ano e que, na minha opinião, vai ser mesmo o filme do ano, pelo menos dentro do âmbito da próxima edição dos Oscars.

Trata-se de uma obra de Sam Mendes, um realizador com ascendência portuguesa, e que inclui aspectos técnicos verdadeiramente notáveis. Nomeadamente, a sensação de continuidade imprimida em todas as cenas, fazendo parecer que a rodagem do filme ocorreu num único take. Outro aspecto interessante é a relação da câmara com os protagonistas, a espaços com momentos que me fizeram lembrar a visão first person shooter (terminologia de videojogo).

Apesar de simples e a espaços um pouco previsível, a história é um hino à coragem nas trincheiras da primeira guerra mundial, o que só por si é bastante inspirador, exponenciada ainda pelo brilhante desempenho dos actores que encarnam as personagens principais, George Mackay e Dean-Charles Chapman, bem como a banda sonora e outros efeitos sonoros. Eis o trailer:





PS: Que descanse em paz Kirk Douglas. Nascido no ano anterior a 1917, partiu na noite passada, após 90 filmes e 70 anos de carreira. 

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Post de Pescada nº3: Notificações

Olha Post de Pescada fresquinho! É de fruta ou chicoláteee! Na verdade é de notificações, o bordão de vendedor de gelados foi só para chamar a vossa atenção, uma vez que este tema tem o interesse equivalente ao de um sarau de filatelia (*) organizado por fãs de numismática (**).  

(*) - Totós que coleccionam selos.
(**) - Totós que coleccionam moedas, mas com mais sucesso entre as miúdas porque têm mais dinheiro.

Se calhar estou a ficar velho, todavia no meu tempo, receber uma notificação significava sarilhos, habitualmente uma intimação para ir a tribunal ou uma multa para pagar nas finanças. Aliás, sempre achei triste o Estado apenas nos contactar para dar más notícias, logo a nós que pagamos tantos impostos. Acho que seria de bom tom receber um cartão de boas festas ou um desconto no aniversário de vez em quando. Do género:  Faz anos? Parabéns, neste dia não paga IVA. Ficaria pelo menos 23% mais feliz

Voltando ao âmago da questão, antigamente era notificado logo assustado, enquanto que hoje em dia andamos por aí alegremente notificados. Ora são emails recebidos, ora  é o WhatsApp ou até Twittes. E permitimos isto. As únicas notificações de que sou parTindário não posso revelar aqui... 

As notificações que recebo tem um espectro estupidamente alargado. Podendo ir desde um e-mail importante do trabalho, passando para as não menos importantes mensagens do whatsapp sobre se no último jogo do Benfica, como por exemplo, se o Rafa estava ou não fora-de-jogo. Até aqueles vídeos que aparentemente são de lindos bebés a brincar com gatinhos, mas que quando se abrem têm afinal uma atriz porno a ganir histericamente, criando um ambiente incomodo se o telefone não estiver em silêncio (já me aconteceu isto a meio de um casamento).  

Adicionalmente, queria confessar que se recebo uma notificação sou incapaz de não ir logo ver o que é, senão fico logo a suar como um porco. É como se alguém me tocasse na campainha de casa. Sou incapaz de ficar a ver a luz indicativa de notificação do telemóvel a piscar, não sei, se calhar tenho medo que se funda. Sinto que esta minha inquietação perante qualquer notificação poderá ser uma condição patológica que apenas se resolveria com terapia de choque. Algo deste género:

-ficar fechado numa sala durante uma semana apenas com 10 cachos de banana, algumas revistas Nova Gente com o José Castelo Branco  e sua Lady na capa e um penico;
-um Nokia 3310 constantemente a receber notificações sinalizadas por um toque polifónico da Britney Spears (talvez da música Toxic); 
-caso não fosse capaz de resistir e fosse pegar no telefone a sala começava a inundar-se com cobras de plástico com a cara do palhaço Batatinha, até não haver mais espaço na sala, tendo assim grande probabilidade de padecer (como no jogo Snake). 

Sobre a terapia apenas acrescento o seguinte: em caso de dúvidas ou persistência dos sintomas consulte o seu médico ou farmacêutico.

P.S.: Caso receba uma notificação por causa desta porcaria de Post pedimos, apesar de alheios a tal facto, as mais sinceras desculpas pelos incómodos causados. 

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Desta vez a recomendação cinéfila recaiu sobre um documentário, American Factory disponivel na Netflix. Trata-se do relato da implementação de uma empresa chinesa no Ohio (EUA), um estado assolado pelo desemprego durante a última crise. O choque de culturas e o quão distantes estão foi algo que me fez reflectir bastante. Eis o trailer:


terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Post de Pescada nº2: Presentes

Esta semana o tema é Presentes. Não o plural do tempo verbal, embora esse assunto tivesse pano para mangas. Por exemplo, vivemos no presente com o objectivo de ter memórias futuras de pretéritos-perfeitos, ou melhor ainda, de pretéritos-mais-que-perfeitos porque queremos um passado o melhor possível. E pronto encarnei no Gustavo Santos, o advogado do Pré-sente (ver artigo brega do autor sobre o tema). Alguém me pode fazer um exorcismo? Quando escorrer azeite dos olhos quer dizer que o Gustavo já saiu...


Bom.... Agora sobre Presentes de Natal. Segundo uma pesquisa de 40 segs que efectuei, esta tradição terá surgido com os reis magos e as suas ofertas ao menino Jesus (*). No fundo são os verdadeiros “Pais” do consumismo natalício. 

Segundo a Wikipedia, uma descrição dos reis magos foi feita por São Beda (não confundir com São Boda), o Venerável (673-735), que no seu tratado “Excerpta et Colletanea” assim relata: “Belchior (**) era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz.” 

Sempre me questionei acerca das razões que levaram estes Magos a demorar cerca de 11 dias a chegar ao estábulo após o nascimento de Jesus. Será que o céu estava nublado e não conseguiam ver as estrelas para se guiar? Será que um dos camelos gripou no caminho ou teve um furo no casco? Será que tiveram de esperar pelo Belchior porque como era velho conduzia devagar? 

Julgo, no entanto, que se o Messias nascesse nos dias de hoje, os magos estavam tramados. Consigo imaginá-los nas vésperas a tentar arranjar os presentes e a verem-se perdidos nos centros comerciais, a ter de estacionar os camelos em segunda fila ou a ter de ligar uns para os outros, como por exemplo:

- oh Belchior já conseguiste arranjar o Ouro? Não? É que estou no Colombo mas isto está o Texas, estou há 3 horas na Zara Home para comprar incenso. Se calhar é melhor ires ao El Corte. Bem te disse para comprares na blackfriday, para o ano usamos o Aliexpress. E o Baltasar já tratou da mirra? O quê? Não sabe o que é Mirra? Mirra é…é… coiso…vá tenho de desligar, um tipo EMEL está-me a bloquear o camelo e ele já lhe está cuspir nas trombas. 

Já na óptica de Maria e José, tendo em conta o preço a que estão as fraldas, acho que dispensavam o Ouro, Incenso e a Mirra em prol de fraldas, pó-de-talco e halibutt. 

Para terminar, o raio dos magos deram origem ao bolo-rei. Um bolo cheio de frutas que parecem saídas de uma horta de Chernobyl, tal o seu aspecto e sabor meio radioactivo. Acho que o verdadeiro castigo para quem calha a fava no bolo-rei seria ter de comer toda a fruta cristalizada do bolo-rei do ano seguinte, além de ter de pagar o próprio bolo. 

(*) Como ouvi em algum lado, a expressão “menino Jesus” parece saída de uma qualquer casa de uma tia de Cascais. 
(**) Ou Melchior ou Melquior ou Belquior. Vi o nome escrito de 4 formas diferentes, o que pode significar que este mago ou era fanhoso ou como era velho já não tinha dentes, não se percebendo nada do que dizia, inclusivamente o próprio nome. 

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Recentemente vi o Dolemite is my Name, que é protagonizado pelo “velhinho” Eddie Murphy, um actor que parecia com o seu Mojo perdido mas que, de repente, presenteia-nos com esta óptima performance. A narrativa do filme baseia-se em factos verídicos e gira em torno de Dolemite, um self-made man na área do entretimento, que contra todas as expectativas consegue atingir, todos, ou quase todos os seus objectivos. Não sei se a época natalícia me torna mais condescendente, mas achei este filme inspirador, com vontade de bater punho e ser empreendedor, no entanto, 5 minutos depois essa vontade já se tinha naturalmente esfumado. Destaco ainda a banda sonora e as participações bastante cómicas de Wesley Snipes e Snoop Dog (esse mesmo). Eis o trailer: