terça-feira, 31 de março de 2020

O Corona.

Numa época em que todos somos obrigados à reclusão social e a experienciar uma espécie de prisão domiciliaria, a humanidade tem vindo, de uma forma generalizada, a aproximar-se da loucura. Um bom exemplo disso é o facto de eu voltar a escrever neste blog após alguns anos. Só mesmo um momento extremo de loucura me faria voltar a este antro.
Entrei, espreitei, e vi que se mantém praticamente tudo inalterado: posts do Pedro sem piada, um design a fazer lembrar um trabalho de TIC do 5º ano e algumas visitas do Brasil de quem acha que este é um espaço de exaltação a Satanás. Enfim... 
Já que aqui estou, vou aproveitar para escrever umas notas soltas sobre o tema do momento: o Coronavírus ou, para a maior parte das pessoas, o Corona (Mas que confianças são estas?)
Um ponto sobre o Coronavírus que acho interessante é o facto de, agora que é recomendado o recolhimento domiciliário, toda a gente querer estar na rua. Até o ser mais antissocial do mundo arranja uma desculpazinha para ir lá fora apanhar um bocado de ar. Tem-se visto de tudo, desde pessoas que nunca fizeram exercício e agora entram em depressão sem o seu jogging diário, a pessoas que antes  tentavam escapar ao passeio do cão e agora fazem questão de ir passear várias vezes ao dia. O Coronavirus para nós é uma tormenta, mas para os cães é o paraíso (tirando a parte de ter que aturar os donos 24h por dia em casa).
Outro ponto que achei interessante foi o facto de a polícia portuguesa agora recorrer a drones para mandar as pessoas para casa. Uau! Estamos super tecnológicos! Não conseguimos preencher uma folha de excel com o número de casos a bater certo, mas somos top a conduzir robots telecomandados!
Embora seja a favor da utilização tecnológica, não consigo perceber a razão para a utilização de drones. Em primeiro lugar, porque um drone precisa na mesma de alguém para o teleguiar (acho que nunca tinha utilizado esta palavra), depois porque tem uma bateria limitada e, por fim, não vejo porque é que as pessoas haviam de respeitar o comando vindo do drone. Se uma parte dos portugueses não respeita os apelos dos familiares, dos ministros, ou das forças de autoridade, vai agora ligar a um robot voador que faz o barulho semelhante a um enxame de moscas?
Para mim esta ideia foi só uma tentativa de limpar a imagem que todos têm dos drones do estado português. Todos se lembram do vídeo do drone da marinha que voou uns 2 metros até aterrar diretamente na água. 


Por fim, deixo uma última nota para a quantidade de epidemiologistas com doutoramento em estatística que existe hoje em Portugal. Nunca se ouviu tanto falar em exponenciais, logaritmos, curvas, etc. Toda a gente percebe do assunto, analisa e tenta adivinhar o percurso da epidemia. Chegam a existir grupos de apostas, onde cada um tenta adivinhar o número de casos nos dias seguintes e onde se festeja quando o valor está dentro do intervalo estimado, quase como se de um golo se tratasse. Por falar em golos, se calhar esta nova modalidade acaba por ser um bom substituto do futebol para entreter as pessoas que estão cansadas de estar em casa sem fazer nada. para responder a este fenómeno, proponho um programa tipo Prolongamento da TVI24, em que o Manuel Serrão, Pedro Guerra e alguém do Sporting discutem modelos de previsão epidemiologicos. Já estou a imaginar “NÃO SE VÊ LOGO QUE A ASSIMPTOTA ESTÁ EM FORA DE JOGO?”; “ESSE MODELO ESTÁ COMPRADO!”; “O R^2 DO MEU MODELO É MAIOR QUE O TEU!”.
Bem, queria aproveitar o último parágrafo para desejar a todos paciência para os tempos que aí vêm. Voltamos a falar na próxima quarentena.


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