segunda-feira, 5 de março de 2012

Taxi driver

Depois de um descanso merecido, para aproveitar a "ponte" de Carnaval, Lúcifer volta à carga! Desta vez com uma história dos diabos, sobre um taxista maluco. Vou tentar relatar o episódio o mais fidedignamente possível. 

No passado fim-de-semana tive necessidade de apanhar um táxi, para vir para casa e aleatoriamente escolhi um, numa praceta da baixa lisbonense. A pinta do taxista, mal entrei no veículo assustou-me , pois nunca tinha visto um condutor de carros, com luvas de motos! Um  daqueles pares de luvas de cabedal, mas sem  dedos. Pensei logo, "eh lá, queres ver que temos aqui um Loeb ou um Schumacher." Sentei-me no banco da frente, no lugar do morto, pois vinha com mais três amigos, que ficaram no banco traseiro. Iniciámos a viagem, e como sou uma pessoa extremamente sociável comecei a chatar* com o taxista. Entretanto a  conversa resvala para acidentes, o taxista: " enfaixei-me todo, no carro da frente na semana passada, eu as vezes até voo com este menino, e depois já não travo a tempo. O meu chefe coitado, lá entrou com mil eurecos. Não me despediu! É bom moço. Ele sabe que sou maluco, mas sou trabalhador. Há clientes que se queixam, mas pelo menos têm viagens inesquecíveis e chegam sempre rápido ao destino". Eu logo, todo borradinho: " Mas nós não temos pressa amanhã é Domingo". E ele: "Estou sempre a dar uns toques nos carros, só ando com lesmas, ninguém sabe conduzir." Eu aí tive de concordar com ele, acho que foi solidariedade de aselha, contudo eu tenho a noção que quem provoca o caos na estrada sou eu." Pois pois, isto é uma selva, parece que deram a carta a um bando de babuínos. Eu só tive um acidente mais grave, atropelei um pinheiro, ficou todo descascado, e o meu Opel ficou que parecia um Smart."O homem lá se riu e entusiasmado foi acelerando, acompanhado a evolução das rotações do motor, com um barulho bocal parecido com um assobio, como se fosse a dar gás. Eu e os restantes passageiros, não sabíamos se nos devíamos rir ou se devíamos rezar. Eu no lugar do morto olhava para as pernas, como se fosse a última vez que as veria. Gotículas de suor emanavam do alto da minha testa, o meu olhar baço nada via senão memórias de toda uma vida a passar num flashback. Eureka! Tive uma ideia brilhante, que ao mesmo tempo, fez com que o taxista mudasse de conversa assim como abrandasse o veículo. Introduzi o tema dos clubes nocturnos dizendo:" então parece que todos as casas da noite têm nomes de animais. É o elefante branco, é o cisne azul, é  hipopótamo "( fiz questão de nomear alguns que conhecia com a esperança de ele conhecer algum.) E ele abrandando, olhou para mim e disse: "o hipopótamo é só pub! " Joguei tudo naquela altura, fiando-me que o taxista sendo homem da noite, era também um cliente. E puxei por ele, de maneira a que ele se concentrasse na conversa, deixasse de falar de acidentes e andasse mais devagar, o que realmente aconteceu. Esta ideia foi muito proveitosa porque o homem ainda me indicou uns spots de diversão nocturna além de me ter oferecido um cupão com uma bebida num ( pronto esta última já foi inventada). Finalmente chegámos ao nosso destino são e salvos, ainda paguei com as pernas bambas do medo.


*Chatar - Palavra sinónima de conversar, que será introduzida no dicionário da língua portuguesa em 2015, conjuntamente com as palavras laicar e tuitar. OBDL sempre à frente do seu tempo!


Não podia de terminar este post, sem fazer a referência ao melhor filme de taxistas, o "Taxi Driver" de 1976, pois claro. Um filme brilhante, com uma excelente performance de Robert De Niro , o taxista maluco traumatizado da guerra do vietname e Jodie Foster, na altura em que ainda era uma bonequinha de porcelana.  Quem não se lembra da célebre tirada: " You talkin' to me? You talkin' to me? You talkin' to me? Then who the hell else are you talking... you talking to me? Well I'm the only one here. Who the fuck do you think you're talking to? Oh yeah? OK." Um excelente filme do Sr. Scorcese, cujo o trailer vos deixo:


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