terça-feira, 31 de março de 2020

O Corona.

Numa época em que todos somos obrigados à reclusão social e a experienciar uma espécie de prisão domiciliaria, a humanidade tem vindo, de uma forma generalizada, a aproximar-se da loucura. Um bom exemplo disso é o facto de eu voltar a escrever neste blog após alguns anos. Só mesmo um momento extremo de loucura me faria voltar a este antro.
Entrei, espreitei, e vi que se mantém praticamente tudo inalterado: posts do Pedro sem piada, um design a fazer lembrar um trabalho de TIC do 5º ano e algumas visitas do Brasil de quem acha que este é um espaço de exaltação a Satanás. Enfim... 
Já que aqui estou, vou aproveitar para escrever umas notas soltas sobre o tema do momento: o Coronavírus ou, para a maior parte das pessoas, o Corona (Mas que confianças são estas?)
Um ponto sobre o Coronavírus que acho interessante é o facto de, agora que é recomendado o recolhimento domiciliário, toda a gente querer estar na rua. Até o ser mais antissocial do mundo arranja uma desculpazinha para ir lá fora apanhar um bocado de ar. Tem-se visto de tudo, desde pessoas que nunca fizeram exercício e agora entram em depressão sem o seu jogging diário, a pessoas que antes  tentavam escapar ao passeio do cão e agora fazem questão de ir passear várias vezes ao dia. O Coronavirus para nós é uma tormenta, mas para os cães é o paraíso (tirando a parte de ter que aturar os donos 24h por dia em casa).
Outro ponto que achei interessante foi o facto de a polícia portuguesa agora recorrer a drones para mandar as pessoas para casa. Uau! Estamos super tecnológicos! Não conseguimos preencher uma folha de excel com o número de casos a bater certo, mas somos top a conduzir robots telecomandados!
Embora seja a favor da utilização tecnológica, não consigo perceber a razão para a utilização de drones. Em primeiro lugar, porque um drone precisa na mesma de alguém para o teleguiar (acho que nunca tinha utilizado esta palavra), depois porque tem uma bateria limitada e, por fim, não vejo porque é que as pessoas haviam de respeitar o comando vindo do drone. Se uma parte dos portugueses não respeita os apelos dos familiares, dos ministros, ou das forças de autoridade, vai agora ligar a um robot voador que faz o barulho semelhante a um enxame de moscas?
Para mim esta ideia foi só uma tentativa de limpar a imagem que todos têm dos drones do estado português. Todos se lembram do vídeo do drone da marinha que voou uns 2 metros até aterrar diretamente na água. 


Por fim, deixo uma última nota para a quantidade de epidemiologistas com doutoramento em estatística que existe hoje em Portugal. Nunca se ouviu tanto falar em exponenciais, logaritmos, curvas, etc. Toda a gente percebe do assunto, analisa e tenta adivinhar o percurso da epidemia. Chegam a existir grupos de apostas, onde cada um tenta adivinhar o número de casos nos dias seguintes e onde se festeja quando o valor está dentro do intervalo estimado, quase como se de um golo se tratasse. Por falar em golos, se calhar esta nova modalidade acaba por ser um bom substituto do futebol para entreter as pessoas que estão cansadas de estar em casa sem fazer nada. para responder a este fenómeno, proponho um programa tipo Prolongamento da TVI24, em que o Manuel Serrão, Pedro Guerra e alguém do Sporting discutem modelos de previsão epidemiologicos. Já estou a imaginar “NÃO SE VÊ LOGO QUE A ASSIMPTOTA ESTÁ EM FORA DE JOGO?”; “ESSE MODELO ESTÁ COMPRADO!”; “O R^2 DO MEU MODELO É MAIOR QUE O TEU!”.
Bem, queria aproveitar o último parágrafo para desejar a todos paciência para os tempos que aí vêm. Voltamos a falar na próxima quarentena.


sexta-feira, 27 de março de 2020

Post de Pescada nº7 Devil's Workout

Lúcifer também se encontra em teletrabalho, a fazer as suas diabruras a partir de casa, pois esta pandemia parece ser bem pior do que a gripe dos patos, e a Besta já tem uma certa idade e não quer passar desta para pior.  Para não ganhar uns quilinhos indesejados, neste período de sedentarismo mais elevado, Lúcifer andou a investigar alguns exercícios para fazer no recato do seu lar e deparou-se com o crossfit. 

Segundo a nota da wikipédia, o Crossfit é um programa de força e condicionamento que consiste principalmente numa mistura de exercícios aeróbicos, exercícios de calistenia (seja lá o que isso for), e levantamento de peso olímpico...bem já estou cansado só de escrever. Ainda segundo esta nota, o primeiro praticante de Crossfit terá sido Jesus Cristo, embora na Bíblia lhe chamem Via Sacra. 

Se a nota não diz muito, os vídeos do youtube são de perder o fôlego. Lúcifer, tendo em conta a diversidade de exercícios, chegou à conclusão que os praticantes deste desporto apresentam mais sintomas de esquizofrenia do que o Fernando Pessoa. Ora são halterofilistas, ora carregam bolas medicinais (*), ora fazem parkour  e saltam para cima de caixas(**), ora puxam cordas que parecem jibóias, etc. Não me lembro que o Ricardo Reis ou o Álvaro Campos fizessem isto...

(*) - Chamam-lhe medicinais, mas duvido que deem saúde. 
(**) - No fim disto em vez de saltar para caixas, eu caía para dentro de um caixão.

A intensidade do crossfit faz parecer os treinos dos comandos tranquilos aquecimentos, ou o trabalho de um estivador parecer sedentário e parado. 

É tão intenso que houve um artigo polémico da NYT cujo título é "Fique em Forma, mesmo que isso o Mate". Neste artigo houve relatos de atletas que abusaram dos exercícios, chegando alguns ao ponto  de ir parar aos cuidados intensivos com problemas nos rins. Não sei como se chega este ponto. Pela descrição, até faz o tabaco parecer um saudável hábito. Será como uma adição causada por uma droga? Um tipo acorda durante a noite a suar e vai fazer 80 abdominais e levantar 300 vezes uma bola medicinal? Se eu acordar à noite a suar só pode querer dizer que estive a ter um pesadelo em que o Pizzi falha um penalti ou algo do género. Devia haver um centro de ajuda ao viciado em Crossfit, em que os Crossfiters anónimos, só se consideravam sóbrios caso não fizessem exercício: O meu nome é Mike (olá, Mike - respondem todos) e estou sem fazer uma flexão há 2 semanas...

Tenho um amigo meu que faz Crossfit, pelo menos enquanto não falece a meio de um agachamento, que quando vamos para os copos faz uma sessão de Burpees (ver vídeo abaixo) a seguir a cada fino. Normalmente ao terceiro regurgita, agora não sei se por causa dos finos ou das macacadas que ele faz a seguir a beber. Esse meu amigo agora só fala de Crossfit, bem tento que ele fale de motocross ou coisas mais interessantes mas nada. Mais um para os Crossfiters anónimos.



Hoje em dia, o CrossFit, e apesar das polémicas, é uma marca registada que vale milhões. O que levou Lúcifer a pensar criar a sua própria marca de fitness, a Devil's Workout. Pensou durante 5 min ficou cansado, teve uma caimbra psicológica, pegou num pacote de Ruffles e foi ver a sua série favorita, Lúcifer.

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A propósito de seres com potencialmente mais do que uma identidade, a sugestão cinematográfica recai sobre o filme, Split (2016) de M. Night Shyamalan. A personagem principal, interpretedada por James McAvoy, tem em si 23 personagens e tinha tudo para praticar Crossfit (brincadeira ahah). McAvoy tem um desempenho extraordinário saltitando de identidade em identidade, cada uma com características muito específicas. Um filme de terror psicológico que não é para todos, mas que para quem gosta do género é uma opção interessante. Eis o trailer:




sexta-feira, 20 de março de 2020

Post Pescada nº6 Anatomia dos Diabos


Lúcifer quer aproveitar este pandemónio pandémico para questionar Deus sobre aspectos da criação do Homem ou melhor, da má criação do Homem (anatomicamente falando).

Segundo a Bíblia, Deus descansou ao sétimo dia após ter terminado as suas várias criações, mas pela amostra deve ter pelo menos passado pelas brasas em alguns momentos durante o processo criativo. Basta observar a anatomia humana para concluir que houve algumas falhas e talvez preguiça na obra do Senhor. Há elementos que parece terem sido feitos à pressa e outros que não fazem muito sentido, tais como: 

-As unhas -  Nas mãos ainda dão jeito para coçar, tocar cavaquinho e para tirar autocolantes da fruta. Ou até mesmo deixar crescer a do mindinho para tirar cera dos ouvidos (não faço isso), agora nos pés? Qual a utilidade? Tirando raras vezes em que dão jeito para coçar a barriga das pernas durante a noite, as unhas dos pés só servem para encravar e para doer para xuxu. Deus deve ter achado, pus isto nas mãos, vá estou com sono... ponho umas nos pés também. Se em vez de unhas colocasse uma chave-estrela na ponta de um dos dedos, seria muito mais útil, pelo menos para montar móveis do IKEA.

-As orelhas - Não acredito que Deus soubesse que iríamos precisar se óculos. Um criador não faz uma obra para ter defeito. Por isso as orelhas não servem para nada, apenas para segurar os óculos. São apenas um apêndice feio que temos na cabeça. Bastavam uns orifícios para ouvir e estava bom. Se ainda fossem como as do Dumbo e servissem para voar... Pensando bem se calhar ainda bem que não servem para voar, se os pombos fazem o serviço que nós sabemos...

-Apêndice - Outra prova que Deus parecia que estava a dormir é que se esqueceu de nos tirar o apêndice antes de nos criar. Parece quase aquela história em que o médico se esquece de tirar o bisturi da barriga do paciente. Já agora, não há nada que tenha mais piada do que um alentejano a dizer apendicite.... Soa a Apendicity, uma cidade americana do Texas ... o quê?não tem piada?....okok...

se é verdade que os exemplos anteriores são de elementos do corpo humano que não justificam a sua criação, outros há que o justificariam:

-Descanso - Este membro funcionaria tal e qual o descanso das bicicletas. Imagino uma perna mais fina lateral a uma das pernas, desdobrável mas resistente, capaz de ajudar a suportar o peso de um humano adulto quando está muito tempo de pé.  Vejo grande utilidade numa perna extra (não sejam porcos) em missas, em concertos, na fila para loja do cidadão, etc.  Faço um apelo: Deus, numa próxima criação, e na luta contra as varizes, não te esqueças da perna extra!

-Roda- E se em vez de pernas tivéssemos rodas. As deslocações seriam muito mais rápidas, em vez de escadas construíamos rampas, e acabava-se o trânsito pelo menos para as pequenas deslocações. Estamos a falar de uma coisa simples, caso contrário não tinha sido o Homem a inventá-la, só estando a dormir é que Deus se pode ter esquecido desta.

-Cauda - Uma cauda era algo básico que o nosso corpo humano deveria ter. Principalmente para coçar as costas. Se bem que eu no lugar de Deus faria uma cauda em forma de mata-moscas, no verão dá jeito. 

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Como estamos num ambiente deprimente a caminhar para o depressivo, a sugestão cinematográfica que vos deixo é uma comédia, Best in Show (2000). Por ventura, o filme ideal para quem adora cães e para todos aqueles que querem rir um bocado sem ter de puxar muito pela cabeça. A acção do filme desenrola-se em jeito de documentário falso, que acompanha, essencialmente através de entrevistas aos donos, a preparação e o desenrolar de um concurso cães. Durante a fase do concurso destaco a performance dos comentadores de serviço, Fred Willard e  Jim Piddock que são verdadeiramente hilariantes neste papel. É cómico, tem um bom elenco e cachorros adoráveis. Eis o trailer:




sábado, 29 de fevereiro de 2020

Post de Pescada n°5 Veganismo do sétimo dia.

O mundo hoje em dia parece um hospital, metade do mundo doente e a outra metade à espera de ficar. Antigamente, dizia-se que os Estados Unidos espirravam e a Europa constipava-se. Nestes últimos meses, e até parece um sinal dos tempos, a China espirrou e a Europa (e não só) constipou-se. Não tendo mais, este blogue irá oferecer nas linhas seguintes um post de pescada acompanhado de vegetais, um prato típico de um estado enfermo. 

E por falar em vegetais (esta variação de jogo foi ao nível do Rui Costa), tenho reflectido um pouco sobre quem os consome, os seus hábitos e a representatividade que têm vindo a ganhar na sociedade.

O Veganismo não é uma seita (ou seitan, desculpem) mas por vezes parece. Basta observar a crescente conversão de omnívoros consumidores de carne e de um pouco de tudo, em autênticos veganos comedores de verduras e pouco mais. 

Se aquele ditado, somos o que comemos, fosse verdadeiro não ficaria admirado se qualquer dia começassem a andar por aí incríveis Hulks (ou Blankas para os fãs de Street Fighter) (*) em barda. Preconceituasamente, imagino que os vegans não ressonam nem dormem, mas que antes emitem sons de grilo enquanto vegetam. 

Quando era miúdo apenas ouvia falar vegetarianos, hoje em dia praticamente sou ouço falar de veganos... Mantendo as comparações com a religião, um vegano, além de ser um nome mais fancy, é um fanático religioso perante um vegetariano e no meu imaginário capaz de fazer um ataque bombista numa fábrica de salsichas (não, não se diz xalchichas).

Ando a ler uma autobiografia do Gandhi que, apesar de vegetariano de acordo com a sua religião, enquanto jovem prevaricou algumas vezes, consumindo carne às escondidas. Um pouco como os putos que começam a experimentar uns charros atrás do pavilhão. Imagino um mundo paralelo em que a carne é proibida e o seu consumo é realizado em clandestinidade e através de tráfico: Oh Fanã, consegues orientar aí uma vitela estufada para Sábado? Vamos enrolar uma morcela e comê-la atrás do pavilhão?

Admito que comer menos carne tem benefícios para o ambiente e para a sustentabilidade do planeta, no entanto acho que os veganos, vegetarianos e essa malta não me conseguem convencer a comer os seus pratos, muito pelos nomes que dão aos próprios pratos. Se os pratos vegetarianos fossem bons, não precisavam de ter nomes adaptados de pratos convencionais. Estamos a falar de exemplos tais como: tofu à bolonhesa , soja à Gomes de Sá ou chanfana de beringela. A sensação que fica é que são imitações baratas e que não há esforço para inovar. Faço o seguinte apelo: Vegans criem os vossos próprios pratos, deixem a chanfana em paz. 

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(*) - Estive para falar do Green Lantern (lanterna verde), mas como quase ninguém conhece fiquei-me pelo óbvio. Algo engraçado é que (e peço desculpa se ferir o sentimento de algum geek) o Green Lantern parece, aplicando uma metáfora futebolística, o lanterna vermelha dos super-heróis, pelo menos no cinema foi. 

Apesar do relativo insucesso, nem tudo foi mau, pelo menos para o Ryan Reynolds. Perdeu-se um mau Green Lantern mas ganhou-se um óptimo Deadpool. Julgo que precisa de poucas apresentações este super-herói gozão que traja de vermelho e usa duas espadas de samurai. No entanto para quem não viu, fica a sugestão de visionamento dos dois primeiros Deadpuis (obviamente o plural de de Deadpool) enquanto não chega o terceiro. Eis o trailer: 




domingo, 9 de fevereiro de 2020

Oscars 2020

Esta noite realiza-se mais uma edição dos Oscars e mais uma vez este blog dá uso à bola de cristal de Lúcifer para adivinhar os vencedores.

Concordando com alguns críticos e analistas de cinema que consideram que esta cerimónia está cada vez mais previsível, uma vez que os vencedores deverão ser, na sua maioria, os mesmos que arrecadaram os prémios BAFTA e Grammy Awards, não deixa de ser o culminar da época de prémios e uma festa com um glamour sem paralelo. 

No entanto, até para promoção do próprio entretenimento, seria de louvar que houvesse alguma incerteza quanto aos principais vencedores. E não estou a falar de uma troca de envelopes ao cair do pano como no Moonlight vs. Lala Land. Apesar de 1917 ser apontado como o principal vencedor da noite pelos críticos, seria surpreendentemente agradável que uns parasitas da Ásia (Parasites) fizessem uma surpresa. Eis as nossas apostas:


Ainda ligámos ao Professor Chibanga para nos ajudar com nossas apostas, mas ele estava a comer uma cachupa e mandou-nos passear.


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Post de Pescada n°4 Coronavirus

Que vírus viral este a que chamam Corona, inicialmente não o temi pois é homónimo de um jogador do Porto que não me parece violento. Ficaria amedrontado caso se chamasse Pepevirus ou Paulinhossantosvirus. Assim e neste caso, longe da vista, longe do pulmão e a preocupação por estas bandas ainda não se sente. No entanto, o pandemónio que esta pandemia tem provocado tem sido enorme noutras bandas. Tudo se faz para controlar a propagação, desde os avisos para lavar as mãos até ao isolamento de algumas áreas. 

Há quem diga que este vírus foi orquestrado pela indústria das máscaras, esgotadas em muitas farmácias até em Portugal. O poder da indústria mascarilha é tão forte que há um programa na SIC que se chama Máscara. Daniel Oliveira (o que faz chorar) terá feito um pacto com o Diabo ( que neste casos muitos dizem ser Jim Carrey) para obter benefícios em termos de audiências. Não será de estranhar que Cristina Ferreira comece a usar máscara nos programas da manhã, apesar de tudo, algo positivo para as cristaleiras das pessoas lá em casa. 

Segundos as entidades competentes, o contágio para o ser o humano terá partido do consumo humano de um morcego, um pitéu para os chineses. A única dúvida reside no tipo de confecção, havendo um grande debate entre a comunidade científica se terá sido um morcego à bolhão pato, cabidela de morcego (1) ou morcego à Xangai com ovo a cavalo. 

(1) - cabidela de morcego segundo receita da minha avó não precisava de adição de sangue, bastava que o morcego estivesse bem alimentado, que o próprio sangue do bicho serviria para a sua confecção. 

No entanto, existe luz ao fundo do túnel. Aparentemente, um inglês terá seguido uma receita caseira para combater o vírus, o que se revelou eficaz: whiskey quente + mel. Obviamente, tal receita estaria nas farmácias colocada na prateleira das pomadas. 

https://www.irishpost.com/news/uk-teacher-claims-cured-coronavirus-drinking-hot-whiskey-honey-178823

Entretanto a procura de whiskey por parte dos chineses disparou em contraste com as vendas da cerveja mexicana Corona. Cientistas portugueses, após esta notícia, já estão a trabalhar numa receita para um genérico (mais barato), tendo como inspiração as Sopas de Cavalo Cansado (2).

(2) - Traduzido do Inglês - Soup of Tired Horse 

Antes do fecho desta edição, a agência Lúcifer tentou contactar Bruce Wayne, mas o seu secretário Alfred diz que o Homem-Morcego não presta declarações pois não está autorizado pelos médicos a tirar a sua máscara... 

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1917, o filme que tem como título um ano e que, na minha opinião, vai ser mesmo o filme do ano, pelo menos dentro do âmbito da próxima edição dos Oscars.

Trata-se de uma obra de Sam Mendes, um realizador com ascendência portuguesa, e que inclui aspectos técnicos verdadeiramente notáveis. Nomeadamente, a sensação de continuidade imprimida em todas as cenas, fazendo parecer que a rodagem do filme ocorreu num único take. Outro aspecto interessante é a relação da câmara com os protagonistas, a espaços com momentos que me fizeram lembrar a visão first person shooter (terminologia de videojogo).

Apesar de simples e a espaços um pouco previsível, a história é um hino à coragem nas trincheiras da primeira guerra mundial, o que só por si é bastante inspirador, exponenciada ainda pelo brilhante desempenho dos actores que encarnam as personagens principais, George Mackay e Dean-Charles Chapman, bem como a banda sonora e outros efeitos sonoros. Eis o trailer:





PS: Que descanse em paz Kirk Douglas. Nascido no ano anterior a 1917, partiu na noite passada, após 90 filmes e 70 anos de carreira. 

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Post de Pescada nº3: Notificações

Olha Post de Pescada fresquinho! É de fruta ou chicoláteee! Na verdade é de notificações, o bordão de vendedor de gelados foi só para chamar a vossa atenção, uma vez que este tema tem o interesse equivalente ao de um sarau de filatelia (*) organizado por fãs de numismática (**).  

(*) - Totós que coleccionam selos.
(**) - Totós que coleccionam moedas, mas com mais sucesso entre as miúdas porque têm mais dinheiro.

Se calhar estou a ficar velho, todavia no meu tempo, receber uma notificação significava sarilhos, habitualmente uma intimação para ir a tribunal ou uma multa para pagar nas finanças. Aliás, sempre achei triste o Estado apenas nos contactar para dar más notícias, logo a nós que pagamos tantos impostos. Acho que seria de bom tom receber um cartão de boas festas ou um desconto no aniversário de vez em quando. Do género:  Faz anos? Parabéns, neste dia não paga IVA. Ficaria pelo menos 23% mais feliz

Voltando ao âmago da questão, antigamente era notificado logo assustado, enquanto que hoje em dia andamos por aí alegremente notificados. Ora são emails recebidos, ora  é o WhatsApp ou até Twittes. E permitimos isto. As únicas notificações de que sou parTindário não posso revelar aqui... 

As notificações que recebo tem um espectro estupidamente alargado. Podendo ir desde um e-mail importante do trabalho, passando para as não menos importantes mensagens do whatsapp sobre se no último jogo do Benfica, como por exemplo, se o Rafa estava ou não fora-de-jogo. Até aqueles vídeos que aparentemente são de lindos bebés a brincar com gatinhos, mas que quando se abrem têm afinal uma atriz porno a ganir histericamente, criando um ambiente incomodo se o telefone não estiver em silêncio (já me aconteceu isto a meio de um casamento).  

Adicionalmente, queria confessar que se recebo uma notificação sou incapaz de não ir logo ver o que é, senão fico logo a suar como um porco. É como se alguém me tocasse na campainha de casa. Sou incapaz de ficar a ver a luz indicativa de notificação do telemóvel a piscar, não sei, se calhar tenho medo que se funda. Sinto que esta minha inquietação perante qualquer notificação poderá ser uma condição patológica que apenas se resolveria com terapia de choque. Algo deste género:

-ficar fechado numa sala durante uma semana apenas com 10 cachos de banana, algumas revistas Nova Gente com o José Castelo Branco  e sua Lady na capa e um penico;
-um Nokia 3310 constantemente a receber notificações sinalizadas por um toque polifónico da Britney Spears (talvez da música Toxic); 
-caso não fosse capaz de resistir e fosse pegar no telefone a sala começava a inundar-se com cobras de plástico com a cara do palhaço Batatinha, até não haver mais espaço na sala, tendo assim grande probabilidade de padecer (como no jogo Snake). 

Sobre a terapia apenas acrescento o seguinte: em caso de dúvidas ou persistência dos sintomas consulte o seu médico ou farmacêutico.

P.S.: Caso receba uma notificação por causa desta porcaria de Post pedimos, apesar de alheios a tal facto, as mais sinceras desculpas pelos incómodos causados. 

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Desta vez a recomendação cinéfila recaiu sobre um documentário, American Factory disponivel na Netflix. Trata-se do relato da implementação de uma empresa chinesa no Ohio (EUA), um estado assolado pelo desemprego durante a última crise. O choque de culturas e o quão distantes estão foi algo que me fez reflectir bastante. Eis o trailer:


terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Post de Pescada nº2: Presentes

Esta semana o tema é Presentes. Não o plural do tempo verbal, embora esse assunto tivesse pano para mangas. Por exemplo, vivemos no presente com o objectivo de ter memórias futuras de pretéritos-perfeitos, ou melhor ainda, de pretéritos-mais-que-perfeitos porque queremos um passado o melhor possível. E pronto encarnei no Gustavo Santos, o advogado do Pré-sente (ver artigo brega do autor sobre o tema). Alguém me pode fazer um exorcismo? Quando escorrer azeite dos olhos quer dizer que o Gustavo já saiu...


Bom.... Agora sobre Presentes de Natal. Segundo uma pesquisa de 40 segs que efectuei, esta tradição terá surgido com os reis magos e as suas ofertas ao menino Jesus (*). No fundo são os verdadeiros “Pais” do consumismo natalício. 

Segundo a Wikipedia, uma descrição dos reis magos foi feita por São Beda (não confundir com São Boda), o Venerável (673-735), que no seu tratado “Excerpta et Colletanea” assim relata: “Belchior (**) era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz.” 

Sempre me questionei acerca das razões que levaram estes Magos a demorar cerca de 11 dias a chegar ao estábulo após o nascimento de Jesus. Será que o céu estava nublado e não conseguiam ver as estrelas para se guiar? Será que um dos camelos gripou no caminho ou teve um furo no casco? Será que tiveram de esperar pelo Belchior porque como era velho conduzia devagar? 

Julgo, no entanto, que se o Messias nascesse nos dias de hoje, os magos estavam tramados. Consigo imaginá-los nas vésperas a tentar arranjar os presentes e a verem-se perdidos nos centros comerciais, a ter de estacionar os camelos em segunda fila ou a ter de ligar uns para os outros, como por exemplo:

- oh Belchior já conseguiste arranjar o Ouro? Não? É que estou no Colombo mas isto está o Texas, estou há 3 horas na Zara Home para comprar incenso. Se calhar é melhor ires ao El Corte. Bem te disse para comprares na blackfriday, para o ano usamos o Aliexpress. E o Baltasar já tratou da mirra? O quê? Não sabe o que é Mirra? Mirra é…é… coiso…vá tenho de desligar, um tipo EMEL está-me a bloquear o camelo e ele já lhe está cuspir nas trombas. 

Já na óptica de Maria e José, tendo em conta o preço a que estão as fraldas, acho que dispensavam o Ouro, Incenso e a Mirra em prol de fraldas, pó-de-talco e halibutt. 

Para terminar, o raio dos magos deram origem ao bolo-rei. Um bolo cheio de frutas que parecem saídas de uma horta de Chernobyl, tal o seu aspecto e sabor meio radioactivo. Acho que o verdadeiro castigo para quem calha a fava no bolo-rei seria ter de comer toda a fruta cristalizada do bolo-rei do ano seguinte, além de ter de pagar o próprio bolo. 

(*) Como ouvi em algum lado, a expressão “menino Jesus” parece saída de uma qualquer casa de uma tia de Cascais. 
(**) Ou Melchior ou Melquior ou Belquior. Vi o nome escrito de 4 formas diferentes, o que pode significar que este mago ou era fanhoso ou como era velho já não tinha dentes, não se percebendo nada do que dizia, inclusivamente o próprio nome. 

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Recentemente vi o Dolemite is my Name, que é protagonizado pelo “velhinho” Eddie Murphy, um actor que parecia com o seu Mojo perdido mas que, de repente, presenteia-nos com esta óptima performance. A narrativa do filme baseia-se em factos verídicos e gira em torno de Dolemite, um self-made man na área do entretimento, que contra todas as expectativas consegue atingir, todos, ou quase todos os seus objectivos. Não sei se a época natalícia me torna mais condescendente, mas achei este filme inspirador, com vontade de bater punho e ser empreendedor, no entanto, 5 minutos depois essa vontade já se tinha naturalmente esfumado. Destaco ainda a banda sonora e as participações bastante cómicas de Wesley Snipes e Snoop Dog (esse mesmo). Eis o trailer:




sábado, 21 de dezembro de 2019

Post de Pescada nº1: Grandessíssimos FPs


Hoje inicia-se uma nova rubrica neste blogue, chama-se Post de Pescada. Basicamente consiste no lançamento de um tema aleatório por parte de um dos membros do blogue, que obrigará o outro a criar um post na semana seguinte, caso contrário acontecerá algo terrível... ou provavelmente nada, tipo aquela maldição dos Incas em 2012.

O tema desta semana é: Grandessíssimos FPs

Ao contrário do que possam pensar, olhando apenas para o título deste post, não se vai falar de FPs no sentido mais ordinário (mas corrente) do termo, mas antes sobre Funcionários Públicos (FP). (*)

Relativamente a funcionários públicos o que posso dizer é que são alvo das maiores contradições, senão reparem:

- São acusados por muitos de ser preguiçosos, de ter uma costela alentejana (espero não provocar a fúria a ninguém), muito lentos a trabalhar mas muito rápidos a picar o ponto na hora da saída. Contudo o estado considera que são mais eficientes do que os restantes, pois o horário semanal é de 35h vs. 40h dos trabalhadores do privado.

- A vozearia do povo diz que que há demasiados, mas à primeira tosse de Outono todos clamam que há poucos médicos ou enfermeiros. No fundo a visão corrente que se tem do estado é que este é bulímico, cheio de gorduras mas simultaneamente anémico, basta ver as críticas ao SNS.

- Já outros dizem que gostariam de ser FPs, no entanto poucos olham para a carreira de professores, polícias ou militares como sendo atrativas. Ninguém está para aturar putos ranhosos ou disponível para correr risco de vida, e só para me ficar pelos argumentos que afastam pessoal da educação.

- E àqueles que consideram a função pública uma carreira de sonho, o estado responde com um salário mínimo mais elevado, sinalizando que trabalhar na função pública é tão mau que acreditam que só conseguem cativar mão-de-obra pagando no mínimo mais c. €35 do que no privado.

-Por fim, o senso comum afirma que andam por aí muitos FPs, que há FPs a mais, que os FPs são mais do que as mães, mas em Portugal do número total de trabalhadores apenas 15% são FPs (1% abaixo da média europeia). Afinal há mais FPs pela Europa do que se pensa…

Quando se faz uma pesquisa no Google sobre funcionários públicos os resultados são estes:


Neste combate ficou 2-1 para o “Há funcionários Públicos a mais” vs. “há funcionários públicos a menos”.

E sobre FdPs (funcionários do público) é isto que tenho para dizer, não foi grande coisa mas de um tema com tão pouco esplendor como este não se poderia exigir mais.

(*) Este fraco trocadilho fez-me recordar aquele jornalista do Porto que chamou ao Rui Rio de FdP. E que se defende em tribunal dizendo que FdP queria dizer Fanático dos Popós.

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A Netflix anda a produzir cinema de grande qualidade, quase que humilhando o cinema convencional nos últimos tempos, basta ver as estreias badaladas de Irishman, Two Popes e Mariage Story.

Destes filmes gostaria de destacar Irishman de Martin Scorcese. Um filme que conta com Al Pacino, De Niro e Joe Pesci, que posso definir simplesmente como sendo o último folgo dos gangsters. Num desempenho excepcional destes atores, a narrativa do filme aborda temáticas como a corrupção, o poder invisível, a decadência, velhice e a memória. E lançando algum mistério, a mensagem que retiro do filme é: estamos vivos, mesmo depois de mortos, pelo menos até alguém se lembrar de nós. Eis o trailer:




sábado, 9 de novembro de 2019

A soprano que pariu um alien...

Ao contrário do que muitos pensam, Lúcifer é um anjo. Um anjo caído é certo, mas mesmo assim um anjo. O que é um aborrecimento porque os anjos não têm sexo.... Bom... Mas um anjo caído também só lá ia com os comprimidos do futre... O que estou para aqui a dizer? ... É simplesmente porcaria.


Por falar em anjos, gostaria de vos falar das sonoridades angelicais que as sopranos (cantoras líricas, não mulheres da máfia) são capazes de produzir à custa de caretas ridículas. Fazem maravilhas com a garganta (isto agora soou mal), mas com o esgar de alguém que vai parir um extraterrestre pela boca. 


Mantendo a atenção na música clássica, outra coisa que acho extraordinária é a especialização de alguns músicos nas grandes orquestras, nomeadamente, aqueles que estão um concerto inteiro à espera para tocar determinado instrumento. Se fosse eu a ter de tocar o gongo ou os pratos no momento chave, sentiria a pressão igual à de alguém que está a desarmar uma bomba nos últimos segundos antes da detonação. Suaria que nem uma vara de porcos no pino do verão na Almareleja, e provavelmente os pratos iriam-me escorregar das mãos.


Noutra vertente algo que sempre me fascinou foi o maestro, sinto sempre que está lá apenas para o show-of. Não faz mais nada do que abanar uma varinha (sei que é batuta...) (*) .Algo que tornaria o seu papel mais interessante seria aliar a magia a esta profissão. Poderiam perfeitamente aproveitar a varinha para fazer truques de ilusionismo, fazendo aparecer coelhos a sair de trompetes ou pombas a serem cuspidas a partir de clarinetes, enquanto serravam uma soprano a fazer bocas de parir aliens ao meio.

Por fim, não sei se alguma vez pensaram nisto, os vizinhos destes músicos devem sofrer imenso com os ensaios. Algo justo seria uma vez por ano, juntar todos os vizinhos e fazer um concerto, em que a plateia seria composta pelos músicos das orquestras que arreliam o descanso e a paz destes mesmos vizinhos. Este concerto obviamente seria orientada pelo Zé Cabra e seria uma harmoniosa sessão de pregos e desafinação. Neighbors in the Night seria o nome deste concerto que poderia reverter para instituições ligadas a pessoas com deficiência auditiva.

(*) Um aparte, cheguei a ter um professor de música que usava como batuta um mata-moscas e volta e meia lá havia chacina... 

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Como há pouco tempo foi dia das bruxas, Halloween se tiver menos de 30 anos, a sugestão que deixo é a de um filme de terror/suspense/mistério/oquequiserem, refiro-me a Goodnight Mommy. Trata-se de uma obra austríaca, cuja narrativa envolve dois irmãos gémeos que têm de lidar com uma operação plástica da mãe, uma conhecida jornalista que parece, além de mudado de feições, ter mudado o seu temperamento. Adicionalmente, vivem numa floresta recôndita, longe da civilização, longe do mundo. Estes são os ingredientes para um filme que mantém o suspense e o enigma até ao fim. É pôr sal ou açúcar nas unhas (tal como nas pipocas) e roer do início ao fim. Eis o trailer:

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Lucifer's Beach

Boa tarde, bom dia e boa noite! Escrevo-vos numa noite quente de verão... Bem... Se calhar morninha e com chuva. Posso dizer-vos que neste momento aprecio este caliente luar, com uma manta nas pernas e um cacau quente nas mãos.

Com as alterações climáticas que se têm registado e olhando para este verão, é possível que, algures nos próximos anos, o Algarve "passe" a ser no Mar do Norte. Estou a imaginar as viagens de férias de portugueses para a costa inglesa, onde os nativos, tal como hoje lhe chamamos de bifes, nos apelidarão de rojões (ou rojoaos dada a dificuldade da leitura do til). Albufeiras nessa costa nova do mar do Norte brotarão, com casas de fado e snackes-bares que venderão pastéis de bacalhau. Poderemos ainda exportar o Zeze Camarinha para formar ingleses na arte latina do engate.


Enquanto isto não acontece, ir à praia em Agosto por cá, para mim continua a ser um sacrifício. Mal ponho os pés na areia sinto que entro numa ampulheta de areia onde o tempo não passa. É a gritaria da canalha, é aquela malta que apesar de ter um extenso areal coloca sua toalha e restante quinquilharia em cima de nós. Às vezes deito-me na areia e sinto que estou numa camarata. Para não falar do barulho dos vendedores ambulantes que teimam em passar, ora tipos africanos a vender girafas, ora outros a vender bolas de Berlim. Mas verdade seja dita, a bola de Berlim é o bolo ideal para comer na praia, uma vez que se cair no chão, a areia confunde-se com açúcar e um gajo come aquilo na mesma e até é mais crocante.

E as brincadeiras que se fazem na praia? Quem é que achou que ir à agua e rebolar na areia a seguir, o chamado croquete, era uma boa ideia? Primeiro tendo em conta a cor da areia, quanto muito parece-mos uns panados após a execução desta manobra que para mim é uma acrobacia. E em segundo lugar, é uma brincadeira perigosa, pois sabe-se lá se alguém nos confunde com um verdadeiro acepipe e nos espeta um palito no real rabo.

Depois continuo a ser olhado de lado por ter hábitos de ser superior (que efectivamente não sou). Toda a gente fica espantada por espalhar, quer dizer barrar, o protector solar com uma faca pelo meu corpo. Mas não acham que faz sentido? Eu estou ali a torrar, vou passar a "manteiga"...

Apesar de tudo, há algo curioso que se observa nas nossas praias, consegue-se saber a faixa etária de um grupo de pessoas pela tralha que levam para o areal. É, citando o Rei Leão, um exemplo do ciclo da vida. Começamos em garotos por levar uma parefernália de brinquedos, o que inclui normalmente um conjunto de equipamentos de construção (essencialmente baldes, pás e betoneiras), que muitas vezes obrigam os pais a fazer o papel de trolha acartando o material e alguma areia. Na adolescência passa-se para o minimalismo, levando uma toalha apenas para parecer cool. Depois passamos a ser pais e temos de acartar com todo o material de construção dos nossos Bobs construtores. E, quando chegamos à velhice, passamos a trazer metade da casa às costas. Há mesmo malta das varizes que arma tendas de campismo com frigorífico, tabuleiros de xadrez e novelos para fazer peças renda para o enxoval dos netos que nunca as usarão. Já vi um casal de sexagenários a levar plantas e a rega-las.

No entanto, há algo que me deixa verdadeiramente irritado, o lixo que se deixa nas praias. Muitos portugueses são autênticos gatos, que fazem das praias as suas caixas de areia. As nossas praias beatificadas deviam ser alvo de cultos com direito a romaria e peregrinação, dada a quantidade de beatas e piriscas que polvilham os nossos areais. Estou a imaginar uma cantilena dedicado aos "Santos Populares" das praias portuguesas: São Marlboro já se acabou, o São Chesterfield está se a acabar, São Ventil, São Ventil, São Ventil dá cá um canhão para eu fumar.... 

Terminando, posso assumir que amanhã irei à praia munido das minhas havainas, toalha, quispo e gorro.... 

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Na próxima semana vai estrear o novo filme de Quentin Tarantino, Once Upon a Time in Hollywood, cuja narrativa decorre durante o anos 6o e de forma ao espectador "ambientar-se", o realizador sugeriu o visionamento de 13 filmes dessa época:


Já tive a oportunidade de ver algumas das películas e até agora destaco Easy Rider, um filme de 1969 em que os protagonistas são Dennis Hopper, Peter Fonda e Jack Nicholson (curiosamente existem bastantes semelhanças físicas entre Fonda e Nicholson). A narrativa retrata as aventuras e desventuras de dois motoqueiros desde L.A. até New Orleans e toda a envolvente hippie que se viva altura. Nomeadamente a organização das comunidades, consumo de droga e a forma como a restante sociedade recriminava, por vezes de forma violenta, a cultura hippie (por exemplo, o uso de cabelos compridos por parte de homens). Eis o trailer:



segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Lúcifer Natalício

Estamos numa época de harmonia e paz. É essencialmente uma altura em que o fair-play deve prevalecer, por esse motivo, Lúcifer quer deixar-vos deixar uma mensagem natalícia:

Como dizem que não tenho coração com fundo incluído e essas coisas, não vos posso desejar umas boas festas a partir daí. Ainda pensei em desejar-vos um bom natal do fundo do meu fígado ou do fundo dos meus rins, mas nesta altura do ano andam demasiado ocupados para isso. Assim como todos os órgãos do meu aparelho digestivo, que neste momento parecem funcionários da Worten numa Black Friday. Podia enviar a partir do meu apêndice, mas esse tadito, já foi para bifes. Também os pulmões não são possibilidade, estão de prevenção, não vá uma rabanada entrar no canal errado (isto agora soou realmente estranho) e o Natal passado em terra de finados. Desejar o Natal a partir de órgãos do aparelho reprodutor também está fora questão, principalmente nesta quadra em que o decoro deve imperar, embora fosse do cara... bom... Olhem... Desejo-vos umas boas festas do fundo do meu baço (*)(**)... É assim mais pobrezinho mas foi o que se pode arranjar.

(*) - Não confundir com fundo do braço, pois o cheiro a axila não é assim muito natalício. (no meu caso talvez aroma a Rexona for men - Roll-on)
(**) - Não, não andei a dar no bagaço, tão pouco estou a ver tudo baço, apenas vos quero deixar um grande abaço.

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Relativamente a filmes natalícios, a recomendação vai para o visionamento do clássico Die Hard (1988), Assalto ao Arranha-Céus, um filme que apesar da narrativa decorrer durante a época natalícia sempre corta o excesso de doçura da quadra: 




No entanto, gostaria de destacar outro filme que vi recentemente e que apesar de não ser de Natal me impressionou. E impressionou-me por vários motivos. Em primeiro lugar é um filme em que o Adam Sandler desempenha um excelente papel, em segundo lugar impressionou-me por ser um filme com o Adam Sandler e eu ter adorado e por fim, é um filme que retrata o amor na vertente desajeitada, tal como é muitas vezes, algo pouco visto no cinema mainstream. Resumindo, realizado por Paul Thomas Anderson (realizador de Magnolia e There Will Be Blood), Punch-Drunk Love (2002) parece dedicado a todos aqueles que amam de forma desastrada e rege-se pela máxima, todas as histórias de amor são um conto de fadas desde que haja um final feliz. É um filme com uma narrativa muito simples, salpicada com non sense, mas com uma estranha capacidade de nos prender ao ecrã. 


sábado, 31 de março de 2018

OLX

El Lúcifer está de regresso aos posts, desta vez com um tema que tem banda sonora: 



O raio da música deste anúncio é daquelas pegajosas, que ao mínimo contacto com os nossos ouvidos já não sai da nossa mente, nem à lei da espátula. É uma canção original dos Salada de Fruta, uma banda Portuguesa dos anos 80, que contava no seu alinhamento com a Lena de Água. Como se pode constatar no videoclip (abaixo), o Portugal dos anos 80 estava habitado por muito pêlo. Tendo em conta o seu aspecto, a malta deste videoclip parecia o resultado do cruzamento entre o chewbacca e um pornostar. Resumindo era um país de bigodes com pernas (mulheres incluídas). 





Passando ao tema, o Olx é um dos mais conhecidos bazares cibernéticos em atividade no nosso país, onde se pode comprar e vendar quase tudo.  É no fundo uma grande loja dos 300. E é também uma grande mistela, vêem-se anúncios de apartamentos, automóveis, telemóveis e outras bugigangas, até toiros mecânicos(*). Ainda não utilizei, mas estou a ponderar colocar um anúncio para vender a minha sogra e até já tenho reclame:

"Vendo Sogra de 1934, semi-velha, com rodas e placa de origem. Ideal para fazer de espantalho, não há passarada que ataque o pomar com esta fera por perto. Garantia de 2 anos e pilhas para o pacemaker incluídas". 

Há muita coisa que poderia adquirir no Olx, todavia, algo que nunca compraria neste ou noutro site qualquer seria roupa usada. Por uma razão muito simples, sou um bocado germofóbico e se comprasse, por exemplo umas calças, não seria capaz de parar de pensar que estaria a absorver bufas de outros gajos. Ou mesmo, se esse par de calças teria pertencido a alguém com lepra ou com sarampo. Ou por exemplo umas sapatilhas, que pés de atleta pulvilhados por micoses a jorrar pus as poderiam ter usado.

No entanto, o Olx é um lugar belo, onde o lixo de algumas pessoas pode ser muito útil para outras. Se o Lavoisier fosse um tipo do Marketing, era este slogan que inventaria.

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Faz esta Páscoa 1985 anos que um tipo, cuja alcunha era Messias, morreu pela humanidade pregado numa cruz e por isso, uma vez por ano temos de comer peixe numa determinada sexta-feira...eu normalmente avio uma dúzia de douradinhos para a minha avó não ficar triste.... Bom... sobre a vida de Jesus existem inúmeros filmes, contudo, se me pedirem para nomear um terei que dizer Ben-Hur. Para ser rigoroso não é bem sobre a vida de Jesus, mas a sua acção desenrola-se paralelamente e os pontos de contacto são evidentes. A narrativa desenvolve-se em torno da personagem Judah Ben-Hur, um mercador judeu rico que procura vingança após ter sido condenado a trabalho de escravo. É um filme épico, nomeado para 12 óscares, e que, tendo em conta a sua duração de 3h44min, dá para começar a ver na quinta-feira da Paixão e acabar no domingo de Páscoa. Provavelmente dará na RTP (como sempre) por isso aproveitem para ver, se tiverem bastante tempo livre... pois realmente é necessário.

 

domingo, 4 de março de 2018

E o Óscar vai para.... Lala...Moon...Shape of Billboards

Hoje é a grande noite dos óscares e como tem sido habitual, os Binóculos de Lúcifer vão mais uma vez desempenhar o papel de grande mago vidente africano e apresentar as suas projecções:

Melhor Filme: Three Billboards Outside Ebbing, Missouri. Shape of Water embora seja considerado por muitos o favorito, pensamos que irá ficar em águas de bacalhau.

Melhor Realizador: Guillermo del Toro, o realizador de Shape of Water, esse sim, é capaz de ficar à tona de água.

Melhor Actriz (primeiro as senhoras, obviamente): Frances Mcdormand, embora Margott Robbie e Sally Hawkings também possam ganhar. 

Melhor Actor: Gary  Oldman, o Mr. Churchill, é a nossa principal aposta, no entanto "o velhote" poderá ser ultrapassado pelo "miúdo" Timothée Chamalet.

Melhor Actriz Secundária: Não deve escapar a Allison Janney com o seu papel doentio de mãe de Tonya Harding

Melhor Actor Secundário: Se o Sam Rockwell não ganhar como o comando da televisão cru. 

Melhor Argumento Original: Three Billboards Outside Ebbing, Missouri

Melhor Argumento Adaptado: Call me by your name. The Disaster Artist poderia vencer caso James Franco não tivesse sido envolvido numa polémica relacionada com assédio sexual.

Melhor Filme de Animação: Coco é um filme que faz chorar as pedras da calçada mais sisudas, achamos que vai vencer nesta categoria. Contudo Loving Vincent (Vicent Van Gogh) seja um trabalho artístico notável, mais de 100 artistas contribuíram para este filme.  
Melhor Doc. Longa-Metragem: Icarus

E é isto... a tenda já está armada (salvo seja), veremos se não se torna numa barraca como no ano passado. 

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Urban, Bitch Please

Há umas semanas um grupo de jovens foi agredido à porta da discoteca Urban Beach (a Judite Sousa a dizer este nome é hilariante). Algo perfeitamente normal e aceitável excepto se estiver a ser filmado. Em resposta, as entidades publicas, Câmara Municipal e Ministério da Interna, resolveram encerrar temporariamente o espaço. Para quem não conhece o Urban Beach é uma das maiores e mais afamadas discotecas de Lisboa.

Logo a começar pelo nome, percebe-se que o sítio não pode ser muito bem frequentado, uma vez que Urban Beach, pode ser traduzido como Praia Urbana e todos sabemos que as praias urbanas são um antro de xungaria (ex: Carcavelos, Matosinhos, etc.).

Neste espaço de diversão nocturna o que há mais é mesmo diversão. Diversão de cariz gastronómico, quando se entra parece que se está perante um rodízio, tal é o comilanço que polvilha as pistas de dança. Há mesmo quem leve o equipamento de caça, caso surja a oportunidade de disparar sobre um bambi indefeso (ou melhor dizendo uma porquichona). A fauna é especialmente interessante, rapazes de camisa branca, que mais parecem que foram produzidos industrialmente, e raparigas com calças ou calções que conseguem tapar mais o pescoço do que, em alguns casos, as próprias nalgas. Tendo em conta a menor asseio desta danceteria, oriundo da promiscuidade entre utentes, sempre que lá fui, garanti que tinha as vacinas em dia, no entanto, a única forma de garantir que não se apanha nenhuma doença é ir vestido de preservativo de corpo inteiro.

Quanto aos seguranças são também elementos curiosos deste ecossistema. Provenientes provavelmente de Paços de Ferreira, estes armários, são dos seres mais híbridos que conheço. Podem ser crudelíssimos e agressivos, como seres extremamente sensíveis, como quando recorrem à sua sensibilidade (feminina?) para avaliar quem está ou não bem vestido para poder entrar. "Ah não podem entrar assim vestidos, esse écharpe está demodéee", se calhar não dizem isto... Mas têm a função de filtrar o azeite, como se fossem mercenários de um esquadrão "G". A sua indumentária também é curiosa, porque apesar dos músculos, estes tipos normalmente usam kispos e roupa para parecer ainda mais robustos, apesar de ficarem com um ar de chourição. Por fim, muitos usam um microfonezinho para fingir que estão a falar com uma sala de comando, fá-los parecer operadoras de telemarketing, por isso, estou sempre com aquela sensação que algum me irá dizer: ok Teleseguro, fala o Cajó. 

Resumindo para preparar um segurança é preciso cortar um lutador de luta-livre aos cubinhos e levar ao lume numa frigideira bem untada com agressividade, juntar suavemente um elemento do esquadrão da moda fresco (sem ser congelado) e deixar cozer em lume brando, passado 5 min juntar uma operadora de call-center (pode ser daquelas que recebe 500€ por mês apesar de ter um doutoramento em História) às rodelas a gosto, deixar cozer mais 10 min, empratar num kispo da Securitas e levar à mesa. 

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Hoje recomendo uma série que ando a ver ultimamente, Black Mirror. Não é uma série convencional, uma vez que os episódios não têm sequência narrativa entre si. No entanto posso resumir a série, como sendo um conjunto de contos distópicos sobre o impacto ambíguo da evolução da tecnologia na vida das pessoas e também a sua relação com as redes sociais. Se gostar de livros como "1984" ou " O Admirável Mundo Novo" vai adorar esta série.