Lúcifer está a ficar velho, já muita neve cai na serra, as dobradiças estão
perras, quando faz frio os ossos lamentam-se e idas à WC são incontáveis
durante a noite. Esta última poderá não ser da velhice, é de senso comum que o
Diabo brinca muito com o fogo e como a minha avó dizia, não brinques com o fogo
senão fazes xixi na cama, por isso se calhar ainda não é a próstata. Tendo em
conta o desgaste físico e o agravamento da rezinguice com o avançar da idade
deixa de haver paciência para festejar aniversários.
E talvez por isso, uma das coisas que mais me irrita são balões de
aniversário, sim aqueles dourados ou prateados. Uma das razões pelas quais este
tipo de balão me aborrece é a existência de certas tonalidades que me lembram a
cor de um equipamento secundário do Benfica de uma época no início deste
século, quando o Benfica atravessou um momento menos glorioso.

Primeiramente, pensei que a moda deste tipo de balões de aniversário fosse
um efeito do Instagram, tipo a cara de Bambi, as bochechas de coelho ou mesmo a cabeça de melancia, achei inocentemente que não podia ser real. Depois comecei a aperceber-me que era mais uma moda, uma daquelas que o efeito manada come sempre. É que um balão é das coisas mais exasperante que pode existir, além de ser perigoso para os tímpanos em caso de rebentamento. O rebentamento de 3 balões pode equivaler a assistir a um concerto dos Metallica em cima da coluna...não mata, mas mói. No fundo, uma tendência sem sentido, pelo menos para a maior parte da população.
Aprofundemos um pouco, um balão para crianças até compreendo, normalmente é colorido, flutua no ar e entretém. Para os velhotes também poderá fazer sentido um balão com o número de anos para ajudar a contagem de primaveras, junto de pessoas que normalmente têm falta de memória. Agora para tipos de 30/40 anos? É apenas esquisito. Eu com a idade que tenho, os únicos balões que gostaria de ter no meu aniversário para brincar seriam os da.... bem não vou terminar, uma vez que este blogue não é de frescuras.
No entanto, o balão de aniversário apesar de ser bimbo, retrata bem o ciclo de vida do ser humano. Quando jovem cheio de ímpeto e todo vigoroso, quase nas nuvens, como um balão acabado de encher. Quando velho encarquilhado, como um balão meio vazio no canto da sala.
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Blade Runner 2049 está nos cinemas e é um filme que almejo ver em breve. Lembro-me de ter adorado o Blade Runner original e por esse motivo resolvi rever esta obra-prima de Ridley Scott.
Posso dizer que esteticamente não desilude, com um grafismo que faz corar de vergonha muitos filmes de ação dos nossos dias. O argumento é ambíguo o suficiente para prender quem o assiste, no entanto a ação é demasiado lenta para os cânones a que estamos acostumados num filme deste género. Uma nota final para a excelente banda sonora a cargo de Vangelis (sim aquele do 1492, hino do PS no tempo do Mr. Onu, António Guterres):
"All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die."